Escrito por: Reinaldo Azevedo (14/02/2012)
Os cristãos, especialmente
evangélicos e católicos, têm de ter claro um fato: a guerra do petismo contra
os valores individuais e da família já começou; não é futuro; é presente. Ou:
Evangélicos preparam “Marcha em Favor da Vida”
Terão os
evangélicos e cristãos de maneira geral acordado a tempo? Não sei! Vamos ver! O
PT tem sempre muitas moedas, e, infelizmente, há quem venda a convicção por
trinta dinheiros. Essa é uma história antiga, não? Hoje em dia, existem
supostos evangélicos que têm a coragem de recorrer à Bíblia para justificar o
aborto — o que corresponde a pisotear a Palavra e a jogar no lixo a história do
cristianismo — e supostos católicos que flertam abertamente com abortistas e
aborteiras em nome “do povo”. As igrejas, infelizmente, estão infiltradas, num
caso, pelo oportunismo e, noutro, pelo marxismo vagabundo. Uma depuração se faz
necessária.
Fui o primeiro a
alertar aqui,
ainda no dia 28 de janeiro, que, dando as
oposições por liquidadas e os partidos políticos todos por controlados, o PT
preparava uma nova batalha ideológica: contra os evangélicos. Não estava
inventando nem esquentando nada! Quem fez o anúncio no Fórum Social de Porto
Alegre, com todas as letras, foi ninguém menos do que Gilberto Carvalho, o
homem mais importante no PT depois de Lula. Se, amanhã, por qualquer razão, o
Apedeuta ficasse impossibilitado de dar a última palavra no partido, Carvalho
seria o único capaz de manter a sigla unida por um bom tempo ao menos. Ele
conserva a memória da legenda, muito especialmente de seus porões, desde os
tempos da gestão Celso Daniel, em Santo André.
Carvalho considera
que a dita “classe C” está excessivamente exposta às igrejas evangélicas. Os
representantes dessas denominações que conseguiram se eleger integram, não
raro, partidos da base aliada, e os petistas procuram manter com as igrejas uma
relação de boa vizinhança. Mas só quem desconhece a natureza do PT para se
constituir como partido único (não de direito, mas de fato) apostaria numa
futura convivência pacífica. ATENÇÃO! NÃO PODE EXISTIR VONTADE
ORGANIZADA FORA DO PARTIDO. É UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIO. O PT, HOJE, NÃO QUER, É
EVIDENTE, O SOCIALISMO À MODA ANTIGA. ELE O QUER À MODA MODERNA: SER O ENTE DE
RAZÃO QUE GERE A SOCIEDADE EM TODOS OS SEUS DOMÍNIOS. E os evangélicos tendem, no futuro, a
atrapalhar esses propósitos.
O ministro foi
longe naquele fórum. Deixou claro que o modo de realizar essa disputa é com uma
mídia estatal presente, para veicular os valores do petismo, confrontando-os,
então, com os de outras forças que têm enraizamento popular — como é o caso das
igrejas. Carvalho acredita, então, que é preciso usar dinheiro público, com
mídia política e ideologicamente orientada, para “ganhar o povo”. E UMA COISA OS CRISTÃOS TÊM DE TER EM MENTE: OS PETISTAS NÃO DESISTEM
NUNCA! Vejam o caso de Eleonora Menicucci, a nova ministra das Mulheres, aquela
que foi aprender a praticar abortos na Colômbia — embora a prática fosse crime
naquele país também.
O governo retirou
do Plano Nacional de Direitos Humanos a legalização do aborto, e Dilma fingiu
ter mudado de idéia. Enviou uma Carta Aberta aos Evangélicos e foi ao santuário
de Aparecida, escoltada por Gabriel Chalita (aquele que tem o mau gosto
adicional de plagiar os próprios textos e descobriu em Maquiavel um entusiasta
da utopia…), para demonstrar o seu súbito fervor cristão. Num rasgo de
religiosidade criativa, chamou Nossa Senhora de “nossa deusa”, fundindo, quem
sabe?, o catolicismo ao paganismo… Tentou parecer uma cristã exemplar. Aos 14
meses de mandato, nomeia para a pasta das Mulheres uma senhora que confessa o
que confessou e que se diz “avó de uma criança e do aborto”. Na gestão de
Fernando Haddad, na Educação, preparou-se o tal kit gay para as escolas com um
punhado de absurdos. As crianças só não ficaram expostas a um filme que trata a
bissexualidade como uma vantagem na comparação com a heterossexualidade e que
defende que “transgêneros” usem o banheiro feminino das escolas porque a
sociedade chiou.
A guerra
ideológica anunciada por Carvalho, se vocês notarem bem, já está em curso. Há
uma boa possibilidade de os cristãos terem acordado um pouco tarde. Os sinais
de invasão do Estado na esfera dos valores que dizem respeito à família e a
domínios que estão e devem estar fora do guarda-chuva do governo se vêem em
todo canto. Assim como o PT vive da depredação da ordem legal nos estados
governados pela oposição, promove um combate surdo, mas muito evidente, contra
as forças que estão fora de seu domínio. O partido nunca teve aliados, mas
subordinados. Aqueles que aceitarem a submissão podem, sim, se dar bem — e até
obter vantagens estupendas. Mas têm de renunciar à própria vontade e à própria
identidade. É um caso clássico, para recorrer a uma metáfora óbvia, de pacto
com o demônio.
Mas por que as
igrejas? Porque as religiões tendem a oferecer uma visão mais ampla da vida do
que a própria política. Se essa organiza a experiência do cidadão, as suas
relações com o poder do Estado e com a sociedade, aquelas acrescentam a essas
dimensões as escolhas que são de ordem moral, que falam à consciência profunda
dos indivíduos, a elementos nem sempre subordináveis às trocas pragmáticas do
dia-a-dia. Cristo não disse “a César o que é de César” porque considerasse que
o poder terreno não poderia ser contestado. O sentido profundo da consideração
é outro: HÁ O QUE NÃO É DE CÉSAR, E ISSO CÉSAR NÃO TERÁ. O soberano compreendeu
e, por isso, não gostou.
É claro que, nas
democracias convencionais, religiões convivem bem com o poder, e as mais
variadas denominações fazem esta ou aquela escolhas. E assim deveria ser aqui
também. Eu não gosto do excesso de proximidade entre igrejas e esferas do
estado — evangélicas, católicas ou quaisquer outras. Aliás, quanto mais
distantes, melhor! Que César fique lá com seus brinquedinhos. Certas abordagens
feitas por correntes evangélicas e católicas são, do ponto de vista teológico,
uma monumental bobagem. Mas bobagem maior fará sempre o Estado quando se meter
a tomar o lugar das religiões. E esse propósito está mais do que anunciado. Já
está em curso.
Na Folha desta
terça, leio o seguinte. Volto depois:
A bancada
evangélica no Congresso Nacional prepara uma marcha “a favor da vida” e uma
ação na Justiça contra o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
Deputados e senadores estão descontentes com as declarações de Carvalho no
Fórum Social Mundial. Em palestra, ele disse que o Estado deve fazer uma
disputa ideológica pela “nova classe média”, que estaria sob hegemonia de
setores conservadores. “Lembro aqui, sem nenhum preconceito, o papel da
hegemonia das igrejas evangélicas, das seitas pentecostais, que são a grande
presença para esse público que está emergindo”, disse.
O senador Magno
Malta (PR-ES) disse que o ministro foi intolerante: “Somos gente boa só no
processo eleitoral? Queremos uma agenda oficial com a presidente Dilma para que
nos escute, porque este não deve ser o comportamento de um ministro”. Gilberto
Carvalho negou que tenha feito ataques aos evangélicos e diz que foi mal
compreendido. Hoje a bancada irá definir o dia da marcha em Brasília e os
termos da ação contra Carvalho. Os congressistas também vão discutir o kit
anti-homofobia da pasta da Educação e as declarações da ministra Eleonora
Menicucci (Mulheres) favoráveis ao aborto.
Encerro
Vamos ver. Em
Brasília, há quem aposte que isso tudo é fogo de palha e que o governo consegue
controlar a insatisfação fazendo algumas concessões e favores. Tomara que não!
Os que decidiram se opor às propostas totalitárias de Carvalho e às
barbaridades ditas pela ministra Eleonora terão de deixar claro se o
cristianismo é realmente um valor que orienta, como é o desejável, a sua
conduta parlamentar ou se estamos diante da prática viciosa contrária: as
necessidades dos políticos é que pautam o seu cristianismo.
Fonte: Dom Luiz Bergonzini
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