sábado, agosto 4

ONG e a Indústria do Humanitarismo


Durante algum tempo, apenas as obras caritativas, levadas à frente pela Igreja, ou demais religiões é que recebiam apoio financeiro de doadores e de instituições para desempenhar a ajuda humanitária. Porém, com o advento do iluminismo, e a era da anti-religião e por fim, nos dias de hoje em que vivemos o pós cristianismo, já não são mais as instituições religiosas que recebem o apoio de doadores para desempenhar esta ajuda. Hoje, foram criadas as ONG’s (Organizações Não Governamentais). E são milhares. O objetivo destas ONG’s é aplicar o financiamento e dinheiro recebido dos doadores no apoio humanitário ao redor do mundo. Porém, a grande diferença entre as instituições religiosas e as ONG’s, é que as instituições religiosas, não identificam os seus doadores e recebem doação anônima (a grande maioria delas), já as ONG’s, identificam seus doadores.

Toda ONG, com raríssimas exceções, tem um belo discurso. Textos e propaganda voltada para o desenvolvimento sustentável, combate à fome, pobreza e subdesenvolvimento, com metas e objetivos claros, com indicadores precisos para demonstrar aos doadores ou futuros doadores o seu compromisso com a obtenção de metas e resultados claros naquilo que cada uma delas se propõe. Tudo muito bonito e tocante.

Porém, o que está por trás disso tudo, é bem diferente. As ONG’s têm uma “cara” bonita, uma história individual bonita e bela, algumas destas histórias viraram filmes, outras não menos tocantes se tornaram livros, mas apesar de um rosto e uma história muito bonita, as ONG’s têm um interior muito diferente.

Para começar, a maioria delas, tem sedes em muitos países, com uma sede central, que em geral está em um dos grandes países desenvolvidos, como EUA, Suiça, França, Espanha (toda união européia) e estes governos, são os principais doadores destas ONG’s, são doadores identificados, e isto gera uma série de situações conflitantes. Por quê?

Por que as organizações “NÃO GOVERNAMENTAIS” têm um compromisso assumidos com os governos ou instituições de onde recebe seu financiamento, não são tão “NÃO GOVERNAMENTAIS” quanto deveriam e quanto propagandeiam.

Isso tem impacto diretamente nas metas da ONG. Por exemplo, se um país é um grande produtor de medicamentos, alimento, mantimentos ou equipamentos e consumíveis necessário para o tratamento do HIV, as ONG’s irão investir o dinheiro “doado”, portanto, recebido de um doador identificado, nos produtos exportados por estes doadores. Isso funciona como garantia de comprador dos produtos dos doadores, gerando aumento da economia.

Seria o mesmo que um produtor de “calças” ao mesmo tempo, ser o maior comprador de “calças”. (substitua o que está entre aspas, pelo produto que quiser)

Gerando uma competição internacional de mercado que muitas vezes, derruba a competição, desfavorecendo os pequenos produtores. Ou seja, o apoio internacional humanitário, é um dos grandes promotores do subdesenvolvimento dos países (pequenos produtores) que a ONG pretende “AJUDAR”. Este é apenas um, dos muitos efeitos negativos, do que chamamos de Indústria do Humanitarismo.

Esta indústria, assim como todas, tem um sistema de produção para gerar algum benefício ou ganho financeiro. Este sistema, foi criado intencionalmente pela mentalidade do materialismo e do relativismo, que não vê problema nenhum nos meios utilizados para atingir um final específico. Quando dizemos, “sistema”, nos referimos a um conjunto de programas, atividades e medidas que tem como objetivo, direcionar o esforço e energia demandado, da ONG, para o cumprimento daquilo que a ONG se destina em combater, seja fome, subdesenvolvimento, questões ambientais ou saúde, como por exemplo, o combate ao HIV/SIDA.

O sistema existe, em função de um problema. Problema este, onde se embasa todo o Marketing da ONG, na tentativa de resolver o problema. Logo, a ONG, existe apenas, por que existe o problema. Aqui surge um grande conflito de interesses. Pois, se a ONG, efetivamente resolver o problema, ela perde sua razão de ser e sua necessidade de existir. Isso não acontece com as instituições religiosas, que existem independentemente do problema.

Como já dissemos, o problema existe e o sistema tenta resolver o problema. Mas existe outro problema que a ONG deve resolver: sua própria sustentabilidade. Ou melhor explicando, a ONG tem um problema que não faz parte do problema que o sistema se propõe resolver. Nascendo aqui, um sistema paralelo, que em muitos casos, trabalha em conjunto com o sistema para resolver o problema original.

No caso do HIV/SIDA, por exemplo, qual é o problema?

O problema é que todos os anos, milhares e milhares de pessoas estão se infectando com o HIV, e no ritmo que estamos, logo, mais da metade do mundo terá se infectado, e muitos serão aqueles que nascerão doentes e dependentes de medicamentos para viver, o que aliás, já é realidade em todos os países do Continente Africano, Ásia e América Latina . Este é o problema que a ONG deveria pretender resolver com o uso do sistema, mas caso o sistema resolva, o próprio sistema e as estruturas que sobrevivem do sistema, não terão mais função.

Traduzindo isso em linguagem mais clara, o sistema, não é algo abstrato, é feito de pessoas e de instituições. Pessoas que recebem altos salários e instituições que adquirem enormes lucros (doações) por causa do problema. Se o sistema, resolver o problema, ou o pior, se alguém, fora do sistema, como por exemplo, alguma instituição religiosa resolvesse o problema, todo o sistema, ou seja, as pessoas que sobrevivem do sistema a as instituições que lucram por causa do problema (ONG), perderão seu lucro e perderão seus altos salários. E quando digo alto salário e altos lucros. Estou dizendo MUITO ALTO.

Só na África subssaariana, são mais de 34 milhões de infectados pelo HIV que estão vivos. Estes devem fazer consultas, tomar medicamentos e fazer análises laboratoriais todos os dias, meses e anos, dependendo da gravidade e severidade da doença. Se tudo custasse apenas 1 dólar, seriam mais de 34 Milhões de dólares. Mas não é apenas um dólar. Um tratamento completo de uma pessoa que vive com HIV, por ano pode custar 100 dólares, mas caso o vírus seja resistente e seja necessário utilizar a segunda linha dos medicamentos, este valor sobe para 250 dólares. Agora, faça as contas!

Isso serve para demonstrar, que o sistema, está tentando resolver um problema que irá fazer com que os grandes produtores de reagentes, medicamentos, testes de HIV, aparelhos de CD4 e consumíveis, percam por ano mais de 100 X 34 Milhões ou 250 X 34 Milhões de dólares! Agora imagine a perda no bolso dos “maiores doadores humanitários” caso o problema seja resolvido? Sem falar, na perda para a própria ONG.

Uma ONG, para conseguir o status de internacional, deve ter sedes em vários pontos do mundo. Bom, isso significa que grande parte do dinheiro recebido como doação, é gasto em aluguel e construção de “offices” (Escritórios) e mais "offices" pelo mundo. Só aí vão milhões, que não incomodam em nada os grandes doadores humanitários identificados, pelo contrário, são eles os grandes produtores de material de construção.

Depois, estes escritórios, devem ser equipados, com computadores, mesas, cadeiras, e uma infinidade de material de escritório, que deve tudo ser de primeira linha, pois não se aceita que uma reunião seja feita numa sala sem ar condicionado ou sem uma garrafinha de água que custa ao menos 5 dólares para ser bebida pela metade. É um desperdício enorme, a vida dentro de uma ONG é pautada sobre o desperdício e sobre o consumo, não esquecendo, que os maiores produtores destes materiais, são também os mesmos doadores do dinheiro às ONG’s.

Depois, estes escritórios devem ter uma capacidade logística de deslocação. Devem ter carros, carros e mais carros para chegar aos destinos mais recônditos nos países que a ONG apóia, que em geral é Ásia, África ou América Latina, que tem estradas horríveis e por isso os carros devem ser luxuosos e no mínimo 4x4 (quatro por quatro). Não se esqueça que o carro consome combustível: Gasolina ou Diesel. Ainda dentro da logística, todos os computadores de todos os agentes de campo, devem ter internet e meios de comunicação como celular, fax, blackbarry, tudo isso também produzidos pelos doadores. Claro, com um timbre de disfarce, para que não fique tudo isso tão evidente, como por exemplo: “Made in china”.

E não podemos nos esquecer, é claro dos recursos humanos. Os escritórios precisam de secretárias, motoristas, serventes, guardas e todo tipo de mão de obra não especializada. Este trabalho é feito pelos Africanos, Asiáticos e Latino-Americanos, que em geral, não recebem muito, é mão de obra barata e o que eles recebem não ajuda em nada o desenvolvimento local dos seus países.

Mas nem só de mão de obra barata vive a ONG, deve existir o presidente, coordenador, administrador, técnicos especializados, engenheiros, médicos, epidemiologistas, todo tipo de mão de obra especializada, que custam muito caro, pois sempre são profissionais de outros países, principalmente aqueles mesmos doadores da maior fatia do dinheiro.

Mas há médicos, engenheiros, coordenadores, epidemiologistas e mão de obra especializada de pessoas locais no país em que está situado a ONG. E eles são contratados! Mas claro, quando isso acontece, a ONG paga somente 1/5 do que pagaria a um estrangeiro. Mesmo que este estrangeiro venha do país vizinho ao do país onde o profissional deve trabalhar.

Anualmente, um profissional especializado, estrangeiro, custa no mínimo 250 mil dólares por ano, enquanto o mesmo cargo de um profissional nacional, não custa mais de 15 mil dólares. E os estrangeiros dentro da ONG são centenas, e mesmo apesar de todo “esforço” engendrado pelos governos nacionais, na contratação de mão de obra local, a ONG sempre prefere um estrangeiro.

No momento, não há nenhum esforço, por parte de nenhuma instituição ou governo para desmontar este sistema, pois em termos de legislação, tudo corre na mais perfeita ordem, mas há um grande número de profissionais e pessoas comprometidas com o Apoio Humanitário, que já se desligaram do sistema, se demitindo das ONG’s. Mas mesmo não havendo nenhum tipo de combate à esta Indústria do Humanitarismo, o sistema que sustenta esta indústria, está programado para combater, qualquer iniciativa de trabalho com fins unicamente humanitário. Veja como isso acontece:

Tomemos, mais uma vez, o exemplo do “Combate ao HIV/SIDA”. Qual é a metodologia de prevenção do HIV? CAMISINHA! É o único método utilizado em 3 décadas. Já o diagnóstico, tratamento, seguimento ao doente, melhora e melhora a cada dia. Os medicamentos promovem a longevidade dos doentes. Os testes de diagnóstico e as análises do CD4 são cada vez mais fáceis de ser processadas e mais acessíveis, pois deles depende a inclusão no tratamento dos novos clientes, me desculpe, acho que errei a palavra, eu quis dizer doentes. E por que se investe tanto em aspectos que não são a prevenção? Por que o único método de prevenção é exatamente o que estimula ainda mais a atividade sexual de risco, facilitando o contágio e a transmissão. Não parece contraditório?

Isso acontece, por que a camisinha não evita a transmissão, ela na verdade, cria uma ilusão de segurança, enquanto fomenta ainda mais os riscos de contágio e transmissão! São 30 anos que estamos tentando evitar o contágio com o mesmo método e são mais de 80 milhões de infectados, sendo que metade este número, compreende doentes falecidos.

Será que isso não é suficiente para concluirmos que a camisinha não funciona? Por que não apoiar, por exemplo, iniciativas como as de Angola? Angola foi o único país que diminuiu por um tempo a transmissão e o contágio, sem utilizar a camisinha, utilizando a conscientização da fidelidade conjugal e a continência sexual! Mas os críticos, ou melhor, o sistema das ONG’s sabe apenas dizer que Angola não fez uma coleta de dados como se devia. Mas onde é que esta coleta de dados funciona como deveria? Não sabem responder.

Toda iniciativa de resolução do problema principal, deve antes passar pelo crivo da pergunta: “Esta solução resolve também o problema da sustentabilidade do sistema das ONG’s?” Se a resposta for negativa, a solução para a fome, HIV, subdesenvolvimento não serve, pois também não responde ao problema de sustentabilidade do sistema. (Consulte na internet pelo vídeo: “A lenda do porco assado”).

Iniciativas que não contribuem com a sustentabilidade do sistema, não recebem apoio. Os católicos, que trabalham com a fidelidade e continência, criticando o preservativo, são sempre taxados de retrógrados e atrapalhados. Instituições que tem como base a conscientização das pessoas na prevenção da doença e que não recebem doações identificadas, ou seja, não se comprometem com as “metas” dos doadores, não recebem apoio financeiro e são taxadas de fundamentalistas ou despreparadas.

Esta Indústria do Humanitarismo é feita de pessoas. A grande maioria delas, não é consciente desta situação. A grande maioria delas é idealista e bem intencionada, mas ludibriada com o dinheiro fácil e com a busca por resultados. Mas há uma parte de pessoas que simplesmente não querem saber de nada disso, não são maus, mas simplesmente não querem saber de nada disso, pois pensam em resolver seus próprios problemas e não tem coragem suficiente para tentar mudar e fazer algo diferente. São omissos que se escondem por detrás de uma capa protetora de uma falsa consciência moral e com aquilo que é politicamente correto, mas muitas vezes ética e moralmente condenável.

O que podemos fazer? É muito simples. Devemos exigir que, nosso governo, pare de “doar” o nosso dinheiro às ONG’s. Podemos parar nós mesmos de doar nosso dinheiro às estas instituições. Podemos conscientizar os governos e a população local dos países “portadores dos problemas” a não aceitar a “ajuda” humanitária de instituições que tem doadores identificados. Se você é um membro de uma ONG, lute, internamente para que ela seja, efetivamente uma “organização não governamental” que não aceite doações de doadores identificados, e aceite apenas doações anônimas. Que crie consciência de que o que se pretende é que o problema que a ONG está a tentar resolver chegue ao fim e assim, a própria ONG um dia tenha também um fim, podemos fazer com que este documento chegue ao maior número de pessoas dentro das ONG’s possível.

E podemos orar. Como em todo o sistema, existem pessoas, devemos pedir que Deus toque os seus corações para que quando elas leiam este documento, não se sintam agredidas, mas se sintam despertadas para uma realidade que elas não conheciam, ou apenas não queriam olhar. Aliás, acho que se só fizéssemos isso, já poderíamos resolver todo o problema.