Dentro da estrutura teológica do Protestantismo
(com letra maiúscula), está uma idolatria de um deus chamado “fé”. Muitas
vezes, você pode perceber que nossos irmãos protestantes, gritam com todas as
letras e bem alto: “Só Jesus Salva”. De fato eles estão perfeitamente certos em
dizer isso, pois apenas Deus pode salvar e sendo Jesus Deus, apenas Ele pode
salvar.
Mas, é comum em um segundo momento,
um protestante dizer que somente a Fé, em Jesus é que pode salvar. Então, eles
perguntam: “Você aceita Jesus”? E agora, precisamos ter fé para ser salvo, não
apenas Jesus, mas ter Fé em Jesus, como se o poder salvador de Jesus, viesse da
nossa fé nele e não de sua Autoridade de Filho de Deus.
Aparentemente esta afirmação é
verdadeira, mas ela é incompleta, pois apenas a fé, sem as obras, como nos
lembra São Tiago, é morta. Pois do que adianta ter fé, que Jesus salva e não
querer mudar de vida e não cumprir a máxima do: “Sede santos por que o vosso
Pai é Santo.”
E o que tem a ver isso com o
Ateísmo? Ora, se esta é a doutrina ensinada pelo Protestantismo, quem segue
esta doutrina se torna Ateu do verdadeiro Deus, pois tem um ídolo ao qual é
chamado pelo nome de Jesus, que não é o Jesus filho de Maria, que ressuscitou
dos mortos historicamente, é uma caricatura de Jesus. Um Jesus de mentirinha,
que nos cobrirá com seu Sangue e imediatamente “Ipso Facto”, nós já estamos salvos. Não é necessário nem o
julgamento, pois como “jesus" já nos cobriu com seu sangue, nós já estamos
salvos.
Um protestante, não se reconhecerá
ateu, mas uma pessoa que tenha um pouquinho só de dúvida sobre a existência de
Deus, um agnóstico, por exemplo, ao analisar a “teologia” protestante, tornar-se-á
ateu convicto, pois o deus pregado e ensinado pelo Protestantismo de fato não
existe, e nós também, como católicos não acreditamos nele.
Depois de Calvino, Kant e Karl
Barth, a doutrina Protestante, afirma que qualquer tentativa de se conhecer a
Deus, pela via natural do conhecimento, na verdade, o Homem estará construindo,
ou melhor, confeccionando uma “imagem de Deus” para si mesmo e estará,
portanto, cometendo a Idolatria de adorar um falso deus. Já reparou que um
pastor é diferente do Padre em sua formação? O Padre estuda em média 3 anos de
filosofia e o pastor faz apenas a teologia.
Porém, a afirmação de que Deus não
pode ser nem mesmo pensado, com risco à idolatria, é um erro, pois se a mente
humana está tão fadada a não conhecer Deus pela via natural, ou seja, não
conhecer o Deus intuído pela criação, mas concluir que exista um Deus possível
e não apenas uma possibilidade, então, o homem não pode nem mesmo conhecer o
Deus revelado, pois a própria revelação nos ensina que “A graça pressupõe a
natureza.” E a Graça aqui, é a Revelação e a natureza é o conhecimento humano
do Deus por meio das criaturas.
Um ateu, ou agnóstico que se depare
com esta afirmação, conclui então que o Protestantismo é fideísta, e na
linguagem atual, é fundamentalista. E de fato, o ateu, agnóstico, cientista ou
filósofo que assim concluir, não estará errado. Pois o fideísmo é uma
verdadeira “adoração” ou idolatria da Fé.
Devemos entender bem o que estou
afirmando. Não estou afirmando que os protestantes, ou quem quer que seja,
sejam idólatras. O que queremos desmascarar é exatamente a cultura do Deus
perverso, presente na Doutrina do Protestantismo e em muitos aspectos da
própria cultura do catolicismo, principalmente no Norte e Nordeste do Brasil e
em muitos países da Europa e na América Central.
Tais mentalidades até fazem “alusões”
ao Deus Trino pregado por Jesus, mas na realidade, este deus que o Protestantismo,
enquanto doutrina, ensina, e a cultura católica enquanto crença acredita, não
passa de um ídolo, e muitas vezes se concentra na Fé.
Tanto é assim, que o próprio
Lutero, ensina que: “Peques com força, mas creia com mais força ainda”. Fazendo
uma referência clara que a Fé, é que irá apagar ou justificar o pecado. E se
caso isso fosse verdadeiro, na realidade, não seria necessário nem mesmo a cruz
de Cristo, ou sua Encarnação no seio da Virgem Maria, pois Fé, também tinham os
Judeus, e uma Fé, até mais profunda, pois como disse Jesus: “Bem aventurados os
que crerão sem ter visto.” E os Judeus do AT nunca tinham visto a Salvação,
aquilo que o profeta no templo reza: “meus olhos agora contemplaram a
Salvação”.
A Salvação, portanto, não é um
artigo, uma coisa, uma referência, um o que. A Salvação é um QUEM. É um Alguém!
A Salvação é um acontecimento, um indivíduo, uma Pessoa, chamada Jesus.
É importante diferenciarmos isso,
pois em muitos diálogos com ateus, eles sempre me apresentam um deus, que
também eu não acredito que exista. Como o deus de Espinosa, de Niezthie e de
tantos outros filósofos do Iluminismo, existencialismo e Renacentismo que não
combatiam o Deus ensinado pela Igreja Católica, mas o deus do Protestantismo ou
o deus conhecido pela cultura popular, que irá salvar por meio de obediência e
quem não o fizer, será castigado eternamente.
Também é importante esta reflexão,
pois, fazendo uma analogia da humanidade com o corpo humano, o que acontece
quando um vírus invade o nosso organismo? Nosso organismo identifica aquele
vírus, que didaticamente chamaremos de antígeno e imediatamente começa a
produzir anticorpos para aquele antígeno. Quando o vírus foi vencido, os
anticorpos permanecem, e com esta permanência, cria-se uma defesa adquirida,
que, quando aquele mesmo vírus infectar nosso organismo, teremos já disponíveis
anticorpos específicos contra aquele determinado antígeno e nem se quer
ficaremos doente. E é assim que se criam as vacinas. Encontra-se um antígeno
“atenuado”, ou seja, inofensivo e incapaz de produzir a doença mas que estimula
a produção de anticorpos contra aquele antígeno e a pessoa agora, mesmo sem ter
pego a doença está imunizada contra aquele vírus.
O mesmo acontece com a humanidade.
Hoje temos inúmeras Doutrinas Protestantes, que se parece com a verdadeira
Doutrina da Salvação, que é a Doutrina Católica. Estas doutrinas falsas
estimulam as mentes pensantes e não fideístas, a criarem como que espécies de
anticorpos contra a Doutrina Verdadeira.
Faça esta experiência. Inicie um
debate com um ateu. Ele imediatamente irá descrever um deus que na verdade não
é o Deus ensinado dentro da Doutrina da Igreja. E infelizmente, por ele já ter
os “anticorpos” contra as doutrina que são parecidas, e pela falsa convicção e
até mesmo desonestidade intelectual, este ateu iniciará, apresentando também
argumentos contra a Sã Doutrina da Salvação. Mostrando a maléfica ação do
Protestantismo no mundo. Sendo este, podendo ser comparado com uma “Sã Doutrina”
atenuada, incapaz de gerar a salvação na vida de quem toma conhecimento da
verdadeira Doutrina da Salvação.
Eu pude experimentar muitas vezes
isso, quando em meio aos debates, ao apresentar aquilo que conheço da Doutrina
de Deus, ensinado, vivido e professado pela Igreja Católica, que é minha fé,
muitos ateus me dizem assim: “Esta doutrina não é a doutrina ensinada pela
Igreja, saiba que se for assim, então você não é católico”. Porém, o que não
percebem, e não querem perceber, é que, se isto que eu disse, não é doutrina da
Igreja, e por isso eu não sou Católico, então eles próprios não são ateus, pois
o Deus que acabo de apresentar é por eles completamente desconhecido.
A maioria dos ateus de hoje, são
pessoas preocupadas em conhecer a Verdade, porém, ao vislumbrar o mundo das
religiões e principalmente o mundo das religiões protestantes, e não conseguir,
pela “poluição religiosa” visualizar e encontrar a Verdade que é a Fé Católica,
concluem erradamente que tal Verdade é inexistente, ou seja, que Deus não
existe.
Então, num diálogo com um ateu,
nossa primeira tarefa, é concordar com ele que o deus que ele conhece não
existe. O que ele conhece é uma caricatura de Deus, ou seja, antígenos
atenuados de uma fé mesquinha e ignorante que eles repudiam, mas nós, Católicos
fiéis ao Magistério, Tradição e Escrituras também repudiamos. O deus rejeitado
pelos ateus é o mesmo deus rejeitado pelos Católicos. A única diferença é que
nós conhecemos o Deus verdadeiro, tanto pela via natural da criação e das
criaturas, quanto pela via da revelação, então, nosso segundo trabalho, é
apresentar à eles, o Deus que pode ser concluído pela via natural, e contrastar
este Deus com o Deus da Revelação e levá-los, pelo uso da filosofia e lógica
simples, que este é o mesmo Deus da Revelação. Que é exatamente o Deus que
professamos todos os domingos, principalmente no Credo
Niceno-Constantinopolitano.
Não tenhamos medo de desmascarar a
Idolatria Protestante e repudiar o deus pregado pelo Protestantismo, pois ao
fazê-lo estaremos abrindo os olhos dos cegos, cegos estes que apesar de poderem
ver, não conseguem ver devido ao excesso de similaridades, aquilo que aqui
chamamos de Poluição Religiosa.
Me desculpe Nithapele; eu desconheço esta doutrina protestante que o Sr descreve.
ResponderExcluirO salmo 19 nos afirma que a natureza (criação), nos revela DEUS. Nós protestantes cremos nisso.
Nos alegramos quando a evolução da ciência, apenas comprova tudo que está revelado na BÍBLIA SAGRADA. Não que precisemos de provas, mas é para que o mundo medite nos fatos.
"A fé sem obras, é morta em si mesma" Tg 2.17(Certo)
", o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." 1 Co 2:14 (Também certo)
Vejo que tens dificuldades de encontrar um ponto de equilíbrio e coerência nas suas afirmações.
Gosto de ler suas críticas elas me fazem meditar e crescer mais no conhecimento. Uma abraço fraternal de uma protestante.
Ana Claudia Ferreira.
Ana Cláudia
ResponderExcluirPrimeiro é preciso distinguir duas coisas. Uma coisa é o Protestantismo. Outra coisa são os protestantes.
O primeiro se refere à uma doutrina que é incapaz de levar alguém à perfeição.
O segundo é alguém que busca a perfeição, porém por um caminho errado.
Você é o segundo. Admiro sua busca. E é por amor que escrevi todo este texto. Pois infelizmente a Poluição religiosa gerada pelo protestantismo e o Fideísmo advindo dele, hoje, cria o que temos, uma situação de caus.
Sobre os textos que citou, só tenho a dizer, que sou católico, e por isso, não argumento com a Sagrada Escritura, argumento com o que a Igreja ensina sobre a Sagrada Escritura, que aliás é um livro Editado e compilado, produzido e feito pela própria Igreja.
Ora se a Igreja se deu ao trabalho de fazer a Bíblia, eu devo no mínimo querer saber por que ela reuniu 73 livros e não 66, como Lutero fez.
Na verdade, a dificuldade que você vê em mim, expressa bem o fato de que o Protestantismo não consegue conviver com questões aparentemente contraditórias.
Daí a origem HEREGE do protestantismo. Se você sabe o que é herege, vai entender que herege é o que escolhe uma parte da doutrina da salvação e descarta a outra parte supostamente divergente. Como por exemplo:
Jesus é homem e Deus, logo Maria é Mãe de Deus!
Jesus é Cristo e a Igreja é seu corpo, logo a Igreja é Cristo
ou ainda:
A fé sem obras é morta, mas as obras sem fé também são mortas.
E por aí vai...
Na verdade não há dicotomia no que escrevi... claro que não sou perfeito, mas ao que parece, expus exatamente o que eu quis que é o fato de o por que o PROTESTANTISMO, conduz ao ateísmo.
E expressei que isso não ocorre com os protestantes, mas sim com os agnósticos ou indecisos... você como protestante já deve ter ouvido esta frase: "Não estude muito se não você perde a fé."
Você concorda com ela?
Paz e bem
Em minhas objeções entrarei mais na área do conhecimento e da filosofia, portanto, se eu sair muito do contexto de seu texto, me perdoe.
ResponderExcluirAqui, na minha opinião, você mistura as coisas e acaba se confundindo. No começo você está certo em afirmar que depois destas personalidades, o protestantismo nega qualquer via de conhecimento de Deus, e isso realmente está certo: só conhecemos a Deus por Revelação Divina.
Mas depois você diz que afirmar que não existe via de conhecimento natural a Deus e que só podemos conhecê-lo pela Revelação é uma contradição, já que a Revelação é uma forma de conhecimento natural. Aí você se confunde, vejamos isso de forma mais clara. Mas antes quero colocar algumas definições, minhas, e suas, em pauta, antes de começara falar qualquer coisa. Vamos estabelecer um parâmetro.
Primeiro, o que é natureza ?
Segundo, qual é a forma da cognição humana sobre as informações do exterior ?
Já que estou aqui, começarei apresentando minhas proposições.
ResponderExcluirA forma de conhecimento só se dá pelos sentidos, exceto, é claro, no âmbito místico, onde o homem absorve, é inspirado, pelo sopro de Deus, ou por qualquer outro tipo de experiência mística.
Eu só posso saber que seu cabelo é escuro se eu te ver, ou se alguém falar pra mim que seus cabelos são negros, ou seja, usando meus sentidos de visão ou audição. Não há outro meio de conhecimento, podemos conhecer fatores derivados de algo que integra isso tudo. Por exemplo, como eu sei que um mais um são dois ? Ora, Kant chama isso de informação sintética a priori, apenas sei que um mais um são dois pois vivenciei este pluralismo com meus sentidos e processei estes dados aprioristicamente, usando a lógica matemática.
Resumindo, absorvo as informações com meus sentidos e processo-os com minha razão.
O significado de natural é "espontâneo", esta expressão não foge da filosofia.
"A graça pressupõe a natureza"
Esta expressão de São Tomás conota a influência da Revelação Divina no homem, se a graça (revelação) não fosse natural, o homem não teria direito a ela. Pois o homem faz parte da natureza, seria ilógico pressupor o contrário.
No seu texto você mistura os sentidos estéticos humanos com a Própria Revelação divina. Você diz:
"a afirmação de que Deus não pode ser nem mesmo pensado, com risco à idolatria, é um erro, pois se a mente humana está tão fadada a não conhecer Deus pela via natural, ou seja, não conhecer o Deus intuído pela criação, mas concluir que exista um Deus possível e não apenas uma possibilidade, então, o homem não pode nem mesmo conhecer o Deus revelado, pois a própria revelação nos ensina que “A graça pressupõe a natureza.”"
Devemos separar o "natural" dos sentidos humanos do "natural" da Revelação Divina:
A natureza do processo de cognição do homem ao sentir a própria natureza tem papel ativo. Por outro lado, quando Deus se revela ao homem, a natureza deste misticismo é passiva em relação ao homem, pois Deus é ativo em Se mostrar ao homem. A interpretação correta da expressão "gratia praesupponit natura" é que a Graça é ESPONTÂNEA e ocorre fluentemente dentro deste processo cognitivo místico.
A afirmação de que nosso processo de conhecimento (empírico, apriorístico) não é capaz de "alcançar" a Deus não se contradiz com o fato de conhecermos a Deus apenas por Revelação.
Outro ponto que gostaria de comentar é este:
ResponderExcluir"Um ateu, ou agnóstico que se depare com esta afirmação, conclui então que o Protestantismo é fideísta, e na linguagem atual, é fundamentalista. E de fato, o ateu, agnóstico, cientista ou filósofo que assim concluir, não estará errado. Pois o fideísmo é uma verdadeira “adoração” ou idolatria da Fé."
É evidente que o protestantismo se comporta de forma "fideísta" : "sola fide", mas não podemos afirmar isso cegamente. Lutero e Calvino propuseram esta conduta religiosa contra a salvação por intermédio da Igreja. Mas o fideísmo não se resume á apenas este âmbito histórico religioso. Já citei pra você lá no dúvidas vários filósofos que estudaram isto,o fideísmo não é tão simples pra você sair dizendo que é uma adoração da fé. É mais um respeito, pois se colocarmos o misticismo dentro do círculo filósofo do século XX, por exemplo, ele será totalmente destruído. Mas graças a Quine e Carnap a filosofia teve consciência em separar a religião da ciência. E até mesmo a ciência é bastante criticada, é difícil encontrar um meio de conhecimento seguro.
Mas voltando ao assunto, se você estiver chamando o fideísmo PROTESTANTE de idólatra, tudo bem, mas não misture isso com a epistemologia, nem com a lógica e nem mesmo com a fenomenologia.
E também acho imprópria a citação que você faz de Kant. A filosofia de Kant é uma coisa, a sua influência em outros pensadores é totalmente outra.
ResponderExcluirÉ fato que a Reforma poluiu toda a teologia difundida no mundo inteiro. Na minha opinião, de resto, seu texto é muito bom.
Primeiro você precisa distinguir as duas formas de conhecimento de Deus possível em Teologia, e especificamente em Teologia Católica. Que é a “Analogia Entis” e a Analogia Fidei”.
ResponderExcluirA primeira, diz respeito ao olhar a Criação, e me referindo à criação eu aplico o termo natural, pois todos somos capazes de conhecer ou intuir Deus pela criação, sem necessidade de nenhum tipo de revelação. Isso, não aconteceu CRONOLOGICAMENTE, mas LOGICAMENTE é possível.
A Segunda, diz respeito à Revelação, principalmente no que se refere às Sagradas Escrituras. Ou seja, que conhecemos Deus pelo que Ele nos revelou.
De fato, ambas as analogias estão corretas, porém, o protestantismo, já em Lutero, nega a Analogia Entis e diz que todo e qualquer tentativa de se conhecer a Deus por meio do conhecimento natural (Criação), resultará em uma idolatria, ou seja, na criação de uma imagem de Deus, que não é de fato Deus.
A Teologia católica, não pleiteia com a Analogia Entis, “criar uma caricatura de Deus”, mas pretende de fato explicar de maneira racional como os dogmas, aparentemente contraditórios poderiam ser possíveis de maneira racional. Porém, a explicação teológica nunca interfere na veracidade do dogma, mas o torna aceitável do ponto de vista racional. Isso não substitui a fé, por que continua sendo uma explicação, criticável e limitada de uma verdade absoluta, imutável e ilimitada.
Sobre o conhecimento, posso citar três exemplos:
O Conhecimento Grego: Que é o conhecimento que se prova materialmente.
O Conhecimento Romano: Que é aquele que é adquirido pelo testemunho do outro.
O Conhecimento Judeu: Que é adquirido pela Revelação de Deus.
Um Teólogo judeu faz uma bela analogia dos três conhecimentos, e o cristianismo é o encontro destes três. Ele diz que um menino irá fazer aniversário, e está falando com um coleguinha qual será o presente. Então ele indaga, se o menino fosse Grego, ele diria: “sei que será uma bicicleta, por que eu a vi no porão”; se o menino fosse romano, ele diria: “sei que será uma bicicleta, por que meu irmão me contou que viu a bicicleta no porão”; Mas se o menino for Judeu, ele dirá: “sei por que meu pai me contou”.
Ou seja, o Cristianismo, mais precisamente a Doutrina Católica e sua teologia, não descarta nenhuma das três. Trabalha com elas sem fazê-las cair em contradição. O que eu, por minhas debilidades, posso ter dado uma má impressão no texto, mas não creia que o que eu digo seja absolutamente católico, como diria Santo Tomas: “Se algo que eu disse, não está de acordo com o que ensina a Santa Igreja, seja considerado como lixo aos olhos do leitor.”
Continua...
Mas o que pretendo é demonstrar que de fato, o Protestantismo, nega o conhecimento de Deus, por meio das duas primeiras e aceita apenas o conhecimento de Deus vindo da Revelação. O que não está errado, mas está incompleto e por isso é uma Heresia.
ExcluirSobre a questão da Graça. É o que a própria Igreja ensina. Todos temos o Espírito Santo. Ou seja, se temos a vida, ela veio de Deus por meio do Espírito. Porém, no Batismo, acontece a EFUSÃO do Espírito em nós, e já não somos simples criaturas chamadas à vida... nos assentimos o dom da vida recebido e por assim dizer, nos tornamos filhos de Deus.
Não que a Graça não agisse em nós antes do batismo, mas é preciso que manifestemos nosso consentimento, nossa aceitação, em sermos aquilo ao qual Deus sonhou para nós. Seu projeto salvífico.
Agora sobre o fideísmo. É importante ressaltar o ensinamento de São Paulo. Ele nos diz que: “para os puros, tudo é puro. Para os corruptos e descrentes nada é puro.” O que estou querendo dizer, é que o seu olhar sobre o fideismo, é um olhar de Catolicidade. Ou seja, trata o que não é essencialmente bom, como o fideísmo, com o olha católico, e por assim dizer você inaugura algo bom, que pode ser extraído do fideísmo. Mas infelizmente este não é o olhar de todos, por isso, tanto eu quanto a Igreja, condena o fideismo, que no fundo cria uma alienação do que é real. O divórcio do indivíduo com a realidade gera a ilusão, a distração e a arrogância diante do que é essencial na vida – A SALVAÇÃO!
Sobre Kant, devemos ser críticos apesar de sua contribuição. Que em minha opinião é mínima. A filosofia de Kant cria um divórcio com a realidade, pois sua crítica da razão pura gera nele mesmo o fideísmo e o transporta para o campo da ciência. Kant, não é Kantiano.
O fideísmo não teve origem em Kant e muito menos no protestantismo, e antes mesmo destes a Igreja já o havia condenado, porém, hoje temos uma sistematização da visão de mundo que invadiu o senso comum que resulta no relativismo, cientificismo e o pela contestação da autoridade de Igreja sobre a Palavra de Deus, a Poluição religiosa hoje é o maior empecilho para que todos cheguem a conhecer a Sã Doutrina da Salvação.
Obrigado por suas contribuições.
Paz e bem
Comentarei alguns pontos, mas concordo com a maioria de suas afirmações e percebo que chegamos a um consenso.
ResponderExcluirAgradeço seus elogios sobre "o meu olhar de Catolicidade" diante do fideísmo. Na verdade, concebi esta forma de pensamento graças a uns colegas do facebook que já são estudantes bem avançados em filosofia, e também, principalmente, esta opinião se deriva de Kant.
Discordo de sua opinião sobre a contribuição filosófica do idealismo kantiano, se você for ler toda a história da filosofia no século XX, verá que Kant teve uma influência extremamente forte. Por exemplo, quando Schilick diz: "Se o metafísico só aspirasse à experiência vivida, sua demanda poderia ser satisfeita pela poesia, ou pela arte, ou pela própria vida [...] Mas, querendo viver a experiência do transcendente, confunde viver e conhecer, e, preso nessa dupla contradição, persegue sombras vazias [...] É preciso dar-lhes o valor de obras de arte, não de verdades. Os sistemas metafísicos contêm às vezes ciência, às vezes poesia; nunca contêm metafísica."
Schilick, junto com Carnap e a revolução de Quine, amadureceram a filosofia de forma assustadora, quando li este trecho e percebi a sua repercussão na história, fiquei estupefato. O metafísico, assim como a religiosidade e o misticismo, a música, a poesia, não devem visar o "correto", a "verdade". Eles devem ser considerados experiências maravilhosas misteriosas, não devem entrar no campo do conhecimento "científico". O homem deve reconhecer isso.
É claro que o fideísmo não teve origem em Kant - e em si, o fideísmo não é kantiano. Tertuliano foi o primeiro a manifestar este pensamento: "credo quia absurdum". Foi uma forma corajosa de manifestar uma conduta religiosa, mas também foi cega. Como diz Bento XVI (devo ter citado isso um milhão de vezes,rs), a Fé não é irracional, pelo contrário, é de uma quantidade de razão que o homem não pode medir, é um mistério.
ResponderExcluirDiante do que falei sobre a influência kantiana no pensamento do século XX é irracional afirmar que Kant cria um divórcio com a realidade. Ele puxa para a Terra tanto os empíricos mais importantes como Hume, como os racionalistas como Descartes. Ele cria uma filosofia intermediária que vem a ser a base para todo o intelectualismo posterior. Se Kant não teve contribuição, quem teve ?
Primeiro, devo também agradecer sua contribuição e apreciação do que escrevo. Muito obrigado por isso.
ResponderExcluirSobre Kant, não nego sua influência, apenas afirmo que tal influência não foi positiva. Se a razão e a filosofia se encontra em decadência e de fato de encontra, é devido à esta influência de Kant. Se a ciência está como está, ou seja, manipulando a verdade cognitiva e empírica de maneira ideológica, é devido à influência de Kant em Marx e seus seguidores.
Sua frase exprime bem o que vivemos hoje: “O metafísico, assim como a religiosidade e o misticismo, a música, a poesia, não devem visar o "correto", a "verdade"...O homem deve reconhecer isso.”
Ela apresenta o que há de mais dogmático nos dias de hoje e de fato é falso. Pois TUDO concorre para a verdade, caso contrário tudo concorre para o caos. E neste mundo que não busca a verdade, não busca a Deus, pois sempre que alguém, algum dia buscou a verdade nesta vida, ao fim, encontrou Deus. Os transcendentes tendem à perfeição em nós. E é aí que Kant se divorcia da realidade, em algo tão fatídico que na verdade cria uma ilusão. Se não buscarmos a verdade, o correto e o perfeito, não estaremos melhorando, de fato, estaremos piorando, e é por isso que o mundo após Kant e não apenas ele, mas também o iluminismo está tão indiferente à Deus e à Religião.
A busca pela verdade, é a busca por Deus. Em Kant o ocidente deixou de buscar pela verdade, pois ele tornou o conhecimento da verdade, não só “impossível em sua sistematização” como indiferente.
E sinceramente, acredito ser muito perigoso, do ponto de vista da fé, o pensamento Kantiano, por isso que digo que Kant, não era Kantiano.
E novamente agradeço por suas valiosas contribuições.
Paz e bem
"Sobre Kant, não nego sua influência, apenas afirmo que tal influência não foi positiva. Se a razão e a filosofia se encontra em decadência e de fato de encontra, é devido à esta influência de Kant. Se a ciência está como está, ou seja, manipulando a verdade cognitiva e empírica de maneira ideológica, é devido à influência de Kant em Marx e seus seguidores."
ResponderExcluirPara esta afirmação, cito Christian Delacampagne, doutor francês em filosofia:
"Lenin não está em Marx, assim como Marx não está em Hegel, nem este em Kant. Marx é um filósofo que parte ao encontro da história. No caminho, encontra a política e abandona a filosofia."
É muita desonestidade intelectual acusar Kant da má aplicação de seus sucessores de sua filosofia. A lógica empírica do século XX foi uma evolução gigantesca para a filosofia e com certeza isso se deve a Kant. O intelectualismo não parou na idade média. Graças ao realismo estabelecido pela lógica, hoje podemos separar meras tautologias (Wittgeinstein) de orações com verdadeiro sentido.
Sobre a minha frase, talvez eu tenha me expressado mal. Não digo que a metafísica, assim como a poesia, a arte e a música não são "verdades" ou não tenham sentido. O que quis dizer é que a religiosidade, em seu misticismo, não deve ser considerada um caminho de conhecimento seguro dentro de uma linguagem universal. A fé é uma experiência de vida particular. Como uma pessoa que diz ouvir a voz de Jesus em seus sonhos, ou como o próprio Pedro Siqueira, vidente e grande devoto de Maria Santíssima, pode provar suas experiências de modo racional para todos como algo concreto e universal ? Experiências como essas ultrapassam os limites da razão. A razão não é necessária nestes casos, ela é inconveniente, fraca e inútil diante da Fé. Ser racional não significa estar no caminho da Verdade.
Me diga onde Kant falou que não devemos buscarmos a Verdade. Desculpe, mas você está sendo fundamentalista neste campo da filosofia. O próprio Papa João Paulo II defendia o Iluminismo dizendo que este movimento foi de suma importância para o conhecimento humano. Berkeley, bispo, filósofo, e um dos mais importantes iluministas, é uma prova disso.
Esta conversa está sendo de suma importância para mim, agradeço esta oportunidade de comentar em seu site.
In Iesus et Mariae Semper.
Sobre Kant, entendo o seu posicionamento, e sua paixão por Kant é reflexo da paixão Kantiana de nossa sociedade relativista. Mas desonestidade intelectual, não é olhar os dois lados como estou fazendo, e sim olhar apenas os benefícios, como você e outros fazem.
ResponderExcluirSua frase foi: “É muita desonestidade intelectual acusar Kant da má aplicação de seus sucessores de sua filosofia.”
Eu digo o mesmo. É muita desonestidade intelectual ENALTECER Kant da BOA aplicação de seus sucessores de sua filosofia.
Você mesmo, aponta a GRANDE influencia de Kant em nossa sociedade... ora, não nego isso, porém, digo que é exatamente por isso que nossa sociedade está doente. Nossa sociedade não melhorou com Kant, ela mudou. Mas nem sempre mudar, significa melhorar.
A lógica empírica, não é lógica.... Na verdade ela é sim, de fato, a grande desonestidade intelectual de Kant, que na verdade não chega a ser nem desonestidade, acredito que seja simplesmente uma paralaxe cognitiva, ou seja, ele nem percebeu que errou no começo...
Sobre a fé, tenho de discordar, pois não estamos falando da fé humana, aquilo que é natural em todos os seres humanos, estamos falando de Cristianismo e o cristianismo é um evento histórico.
Deus se fez homem, nasceu, cresceu, morreu e ressuscitou. É nisso que consiste o cristianismo. Kant não partiu do evento Cristo, partiu da idéia Cristo...
Jesus é Empírico, pode ser provado e comprovado. Não é um personagem como Krishina, Vishinu, Ogum, Thor, Odim ou Zeus. Estamos falando de um evento histórico. Evento este que não é admitido por Kant como tal e a partir dele, é que iniciou-se, gradativamente a descrença. Claro que não nasceu com Kant tal mentalidade, ela tem origem ainda na gnose, porém, Kant sistematizou-a e claro, tudo que veio depois, com seus sucessores, promoveu o relativismo e indiferença religiosa que temos hoje.
Kant não foi descrente e nem indiferente, mas fundou os argumentos que tornou possível a descrença e a indiferença. Basta ler os existencialistas e suas referências ao trabalho de Kant. Kant infelizmente, para nós, é teórico DEMAIS, e por isso se divorcia da realidade. Basta ver sua bibliografia e ver que um professor de geografia que nunca saiu de sua cidade, não poderia fazer diferente do que ele fez.
Sobre Kant negar a busca pela verdade, não me lembro de ter dito isso, até por que não conheço os escritos de Kant, pois para mim os considero perda de tempo. Claro que já o estudei e já o analisei, porém, me fixei apenas naquilo que compete à nossa realidade contemporânea.
Continua...
Dou a você a visão de Kant aos olhos de dois grandes mestres brasileiros, que são Olavo de Carvalho e Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior.
ExcluirMas voltando ao seu comentário. Quando você fala da Fé, você está se referindo à fé ou revelação particular, citando o exemplo de Pedro Siqueira, porém, a revelação que ele recebeu, só tem razão, por causa da revelação universal.
O divórcio de Kant com a realidade, está aí, ele sendo cristão e piedoso, achando que está fazendo algo bom, separa a fé da razão. Daí, ele mesmo, como Einstein já disse, deixou a fé cega e a ciência manca.
Kant afirma que, o que não pode ser demonstrado ou conhecido empiricamente, não pode ser objeto de estudo, logo, Deus e a metafísica, não podem ser estudados, pois ambos não podem ser conhecidos de maneira empírica. Ele cria uma divisão entre a ciência e a fé. Esta divisão não existe.
E não existe, exatamente pelo fato de que a afirmação de Kant, não é empírica, ou seja, ele parte de um “conhecimento” não empírico, e afirma que o conhecimento só pode ser adquirido de forma empírica... isso é contraditório, ou seja, sua filosofia é baseada em algo que não existe. E se você fizer a análise de Kant por este ponto de partida, toda sua sistematização e crítica da razão pura cai por terra.
Na verdade sem o cristianismo, não seria possível a ciência como a temos hoje. Por que?
Para o grego, toda a manifestação da natureza, como raios, trovões, terremotos e toda fenomenologia climática era tida e crida como manifestação dos deuses. Sendo assim, os gregos não as estudavam como fenômenos naturais, mas sim como “vontades dos deuses”, e a “vontade dos deuses” nunca foi objeto de estudo para os gregos.
Somente quando veio o cristianismo, é que o grego convertido, começou a olhar para a natureza como parte da criação de Deus e viu que existiam sistemas e leis por trás dos eventos. A filosofia ocidental, que teve seu início na teologia, é que pode resultar na ciência como temos hoje.
Sobre o iluminismo e o “bem” que fizeram, não nego, pois os pensadores ateus fizeram um grande favor ao Monoteísmo e mais especificamente ao cristianismo, pois ao provarem que não existe o deus ao qual se referiam, professaram profundo acordo com a doutrina cristã, pois os deuses que professaram não existir, também os cristãos não professam.
Porém, é no iluminismo que se consolida a separação da fé e da Razão. João Paulo II, tenta resgatar e de fato resgata, como aquela visão católica das coisas o que houve de melhor no iluminismo, porém, o que ele fez, foi ver o que há de bom no iluminismo, apontando como sendo bom, aquilo que os próprios iluministas e seus sucessores apontavam como mal.
Claro que nem todos os iluministas refletiram sobre a descrença, muitos combateram a descrença e são muito importante para nós cristãos, como Louis Lavelle (sugiro que o estude), porém, a ênfase dada na modernidade não está nestes filósofos, mas sim nos iluministas que promoveram a divisão da ciência e a religião.
No mais, espero que entenda que apesar de em alguns posicionamentos sermos contraditórios, isso não significa que não estou gostando do debate. Até por que, acredito que há maior riqueza na desigualdade que na concordância. Reconheço meu completo preconceito com Kant e admito não ter boa vontade para com ele, porém, nem sempre foi assim, foram exatamente as reflexões de Olavo de Carvalho e Padre Paulo que me fizeram não olhá-lo com bons olhos e sinceramente não estou disposto a abrir mão disso. Mas não nego suas contribuições filosóficas, mas infelizmente, ele serve muito mais contra a Igreja que à favor.
Mais uma vez, muito obrigado por gastar seu tempo comigo...rsrsr
Paz e bem
Como sua postagem foi meio extensa, para minhas objeções não ficarem confusas, comentarei um parágrafo por vez copiando suas palavras. Vamos lá.
Excluir"Sobre Kant, entendo o seu posicionamento, e sua paixão por Kant é reflexo da paixão Kantiana de nossa sociedade relativista. Mas desonestidade intelectual, não é olhar os dois lados como estou fazendo, e sim olhar apenas os benefícios, como você e outros fazem."
Não me parece que entende meu posicionamento de todo, pois meus pensamentos não são reflexos de nenhum tipo de relativismo, se entendeu isso, me expressei mal e pretendo contornar esta situação. Sobre a desonestidade intelectual, eu não o disse porque você "olhava os dois lados" (coisa que não vi você fazendo), mas disse pois você mistura vários pensamentos num só.. Este tipo de crítica que está fazendo é generalizante e falsa pois você relaciona pensamentos totalmente contrários a Kant, e pelo o que vi em seus comentários sobre a lógica empírica, não me parece que você entenda muito do assunto. Se o que parecer que dei sobre seus comentários são falsos por falta de entendimento de minha parte, peço que explique melhor. Por que você relaciona o relativismo contemporâneo à Kant ?
"Sua frase foi: “É muita desonestidade intelectual acusar Kant da má aplicação de seus sucessores de sua filosofia.”
Eu digo o mesmo. É muita desonestidade intelectual ENALTECER Kant da BOA aplicação de seus sucessores de sua filosofia."
Eu nunca disse que os sucessores de Kant fizeram uma boa aplicação de sua filosofia, sucessores que me refiro é Hegel, e este em Marx. O fenomenalismo crítico kantiano não tem nada a ver com a filosofia (mais sociologia do que filosofia) destes já citados. Não pretendo "enaltecer" Kant, só estou defendendo-o de suas críticas. Você ressalta seus defeitos, e eu, suas qualidades. Não é essa a lógica da conversa ?
"Você mesmo, aponta a GRANDE influencia de Kant em nossa sociedade... ora, não nego isso, porém, digo que é exatamente por isso que nossa sociedade está doente. Nossa sociedade não melhorou com Kant, ela mudou. Mas nem sempre mudar, significa melhorar."
Não lembro de ter apontado nenhuma influência kantiana na sociedade, me referi sua contribuição à filosofia do século XX, acho que deixei isto bem claro. Com certeza a filosofia mudou com o idealismo alemão, mas se você ressalta que não foi pra melhor, deve provar.
"A lógica empírica, não é lógica.... Na verdade ela é sim, de fato, a grande desonestidade intelectual de Kant, que na verdade não chega a ser nem desonestidade, acredito que seja simplesmente uma paralaxe cognitiva, ou seja, ele nem percebeu que errou no começo..."
O termo "lógica empírica" só surgiu dois séculos depois de Kant junto com o pragmatismo. Ela tem uma base kantiana e cartesiana, assim como o fenomenalismo de Husserl. Mas o próprio Kant não criou nenhum tipo de lógica, pelo contrário, como ele defendia uma consciência dentro do espaço/tempo e consequentemente, uma dialética transcendental ao homem, a lógica não tem espaço dentro do kantismo em si. Você fala de uma lógica que ele criou... mas na verdade ele não fez nenhum tipo de filosofia logicista, seu pensamento não tinha espaço pra isso.
"Sobre a fé, tenho de discordar, pois não estamos falando da fé humana, aquilo que é natural em todos os seres humanos, estamos falando de Cristianismo e o cristianismo é um evento histórico."
ExcluirA resposta aqui será para este parágrafo e todos os outros sobre o cristianismo histórico que você comentou: eu não estou me referindo a nenhum tipo de historicismo, Nithapele. Não estou comentando o cristianismo histórico, muito menos me referi à Cristo. Também não estou falando da fé NO cristianismo, mas sim a relação entre fé e razão. Tudo isso que você disse sobre o cristianismo eu não discordo em nada.. também sou Católico Romano, lembra ? rs. Kant nunca se referiu ao Jesus histórico até onde sei, isso, para ele, é indiscutível. Eu mesmo não concordo com a visão kantiana de religião, uma visão simplesmente oportuna e que o importante é ser uma pessoa "boa".
Mas como diz Kiergaard em uma inspiração bem fideísta, existencialista, e kantiana, assim como a minha, ou você é Cristão, ou não; ou você acredita na Ressurreição de Cristo, ou não; não dá para discutir isso, não dá para ser meio cristão, ou cristão até certo ponto. Ser cristão é seguir os passos de Jesus e ponto.
E por que estou falando isso tudo ? Porque pretendo salientar que Kant valorizou o cristianismo, ele ajudou Kierkegaard em seu pensamento existencialista a criticar argumentos evasivos à definição de "ser cristão" de sua época, como o Romantismo fez, por exemplo. É por isso que não entendo este seu ponto de vista sobre um relativismo derivado de Kant.
"Sobre Kant negar a busca pela verdade, não me lembro de ter dito isso, até por que não conheço os escritos de Kant, pois para mim os considero perda de tempo. Claro que já o estudei e já o analisei, porém, me fixei apenas naquilo que compete à nossa realidade contemporânea."
Você deixou bem claro que a influencia kantiana foi responsável pela negação da busca pela Verdade aqui: "Em Kant o ocidente deixou de buscar pela verdade, pois ele tornou o conhecimento da verdade, não só “impossível em sua sistematização” como indiferente."
Recomendo a leitura do próprio Kant, assim você terá mais base para criticá-lo. É meio complicado usar argumentos de outras pessoas, pois essas mesmas pessoas tiveram sua própria interpretação da leitura sobre Kant e apresentaram suas próprias objeções. Não é um chão seguro, ao menos pelo o que estou vendo aqui neste debate.
"Dou a você a visão de Kant aos olhos de dois grandes mestres brasileiros, que são Olavo de Carvalho e Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior."
Em minha humilde opinião, acho que a alusão que o Olavo faz à Kant é muito superficial. Pelo o que pude perceber, ele faz uma crítica de sua própria interpretação sobre Kant. Pra mim, a filosofia do Olavo de Carvalho, neste âmbito, é irrelevante comparado a toda filosofia européia contemporânea. Nunca li o que nosso célebre Padre Paulo Ricardo diz sobre Kant, se possível, você poderia me passar este material ? Será de suma importância para mim.
Os textos de Peter Kreeft sobre o kantismo são célebres, tem um no próprio site do Paraclitus, recomendo. Também recomendo a leitura de textos de filósofos mais renomados no mundo sobre Kant, como Georges Pascal em seu livro "Compreender Kant".
"Mas voltando ao seu comentário. Quando você fala da Fé, você está se referindo à fé ou revelação particular, citando o exemplo de Pedro Siqueira, porém, a revelação que ele recebeu, só tem razão, por causa da revelação universal."
Neste ponto acho que estamos chegando a um consenso. Como você disse neste parágrafo, a revelação só tem razão por causa da revelação universal. É a Própria Revelação que dá "razão" à experiência mística, não é a razão que dá validade à Revelação. Este é um ponto que concordo contigo, e por isso acho que a união de fé e razão não é essencial, ponto de vista também defendido por Kant e bem comentado neste debate.
"O divórcio de Kant com a realidade, está aí, ele sendo cristão e piedoso, achando que está fazendo algo bom, separa a fé da razão. Daí, ele mesmo, como Einstein já disse, deixou a fé cega e a ciência manca.
ExcluirKant afirma que, o que não pode ser demonstrado ou conhecido empiricamente, não pode ser objeto de estudo, logo, Deus e a metafísica, não podem ser estudados, pois ambos não podem ser conhecidos de maneira empírica. Ele cria uma divisão entre a ciência e a fé. Esta divisão não existe."
A separação entre fé e razão defendida por Kant e também por Kierkegaard tem por intuito interpretar a definição da fé, também na visão fenomenológica, como independente da razão, a fé, por si própria, é ao contrário de cega, é luminosa e indica o caminho da Verdade. Se diminuirmos a fé em Deus para dentro dos limites da razão, a deontologia ficaria presa no naturalismo, perderia totalmente seu valor Transcendental, é isso o que Kant também defende. A separação entre a fé e a ciência, no âmbito místico fenomenológico, é essencial. E confirmo, é impossível conhecermos o Transcendental apenas por meios empíricos, só conhecemos a Deus diante de Sua Vontade, de sua Disposição a se mostrar para o homem, de se Revelar. Você acredita mesmo que há meios empíricos para conhecer Deus ?
"E não existe, exatamente pelo fato de que a afirmação de Kant, não é empírica, ou seja, ele parte de um “conhecimento” não empírico, e afirma que o conhecimento só pode ser adquirido de forma empírica... isso é contraditório, ou seja, sua filosofia é baseada em algo que não existe. E se você fizer a análise de Kant por este ponto de partida, toda sua sistematização e crítica da razão pura cai por terra."
Este seu comentário, pelo o que vejo, tem influencia do Olavo... rs. A "afirmação de Kant" a que você se refere não é uma afirmação sobre algo material, pois tudo o que conhecemos vem do espaço/tempo, da causalidade, de modo empírico. Kant não se limita a falar apenas isso e é por isso que a crítica do Olavo é falha. O kantismo também fala do juízo sintético a priori que são juízos que já estão incutidos na razão humana: "dois mais dois são quatro"; "todo homem é racional". Juízos apriorísticos são pensamentos dedutivos puros que podem refletir sobre as próprias deduções puras, como por exemplo a moral e a ética, pensamentos sintéticos, entende ? É por exatamente esta razão que Kant é considerado um racionalista, e não um empirista.
Resumindo, a nossa consciência limitada ao espaço/tempo e à lei da causalidade só tem informações derivadas do exterior, da experiência material, do empírico. Mas em contrapartida, temos uma consciência pura onde há juízos sintéticos a priori que são responsáveis por deduções de informações sintéticas, como a moral, a ética, a metafísica. O que Kant trata, como faziam seus contemporâneos, é que não podemos usar informações estéticas vindas de modo empírico para deduzirmos informações puras. Um exemplo disso é tentar provar a existência de Deus ou a imortalidade da alma. É este pensamento que virá a influenciar a lógica do século XX. O Olavo simplesmente ignora toda esta parte fundamental do pensamento de Kant.
A questão do Iluminismo, pelo que vejo, já está encerrada. Concordo com o que você disse, só temos alguns pontos de vista divergentes, tais como o existencialismo, a separação entre a fé e a razão e a própria visão sobre o iluminismo. Ele não foi apenas um movimento anti-religioso.
ExcluirTambém estou gostando bastante do debate, entendo suas influências e espero que você entenda as minhas também. Nossos pontos de vistas divergentes só estão proporcionando um melhor conhecimento sobre nós mesmos.
Mas particularmente não gostei do modo como você tratou Kant antes de ele começar a filosofia e acordar de seu "sono dogmático" como o mesmo diz. Você fala que um professor de geografia do interior não poderia fazer diferente, de acordo com seu ponto de vista... Bom, eu não esperava um comentário desses vindo de você. Mesmo ele sendo um professor de geografia do interior, nunca seremos tão bons quanto ele a ponto de criar uma filosofia que perdura até hoje.
E para finalizar, gostaria de deixar uma alusão de Arthur Schopenhauer à filosofia de Kant que expressa bem minhas influências:
"Vemos pois que Locke desconta da qualidade das coisas em si que recebemos de fora, o que é ação dos nervos dos sentidos; este é princípio simples, compreensível e indiscutível. Mas neste caminho deu Kant, mais tarde, o grande passo gigantesco descontando também o que é ação do nosso cérebro (de essa massa nervosa relativamente muito maior) pelo qual se reduziram então todas as supostas propriedades primárias a secundárias, e as supostas coisas em si, a simples fenómenos, mas ficando então a verdadeira coisa em si despojada de aquelas propriedades e como uma quantidade completamente incógnita, como um verdadeiro x."
Que bom que você está gostando. Também eu estou.
ExcluirMas, como estamos fazendo uma salada. Vamos por partes:
Kant:
Minha visão de Kant, é a visão de Chesterton, Kant é idealista e não realista. Ele acredita que existe um mundo mental, ao qual está submetida a realidade. Ele é o precursor dos maiores ideólogos e é por isso que não gosto de sua “filosofia”. Para mim ela trouxe mais dano do que coisa boa. E minha visão não é influenciada por Olavo de Carvalho, ela é a mesma que a de Olavo de Carvalho, pois a visão Kantiana de Olavo é da de Chesterton, Edith Estein e outros tantos...
Não estou nenhum pouco interessado em sua (Kant) filosofia, se não naquilo que concerne ao que levou a nosso sociedade de realista à relativista. E nisso Kant é pioneiro, pois quando me refiro à sua biografia interiorana, estou me referindo à isso, pois como ele não venceu às barreiras físicas de seu tempo, ele ficou preso em seu pensamento e só poderia fazer o que fez, devanear...
Sobre minha falta de conhecimento em Kant e em muitas outras coisas, tenho de admitir, pois para mim, é de fato perda de tempo. Prefiro estudar pessoas que podem me dar um pensamento que me conduza à verdade que é Deus. Como Santo Tomaz, Santo Agostinho, Chesterton, Olavo de Carvalho, Edith Estein, Louis Lavelle, entre outros. Eu subo nas costas destes gigantes e olho as coisas por cima de seus ombros. Não preciso “reinventar a roda”. Eles já fizeram isso por mim. Kant é para a maioria deles ruim, pois inaugurou as portas do relativismo moderno, sem paixões, preso em seu racionalismo, cheio de abstrações e distante do mundo real, e é disso que preciso saber. Você pode até não concordar comigo... mas saiba que não penso isso por mim mesmo, penso por aqueles gigantes que falei.
Sobre o que padre Paulo Ricardo diz de Kant, você pode encontrar bastante material nas aulas que ele tem no Site. São aulas superficiais sobre muitas coisas e introdutórias em outras, mas em relação à Doutrina católica e a maneira de ver o mundo sobre a ótica católica conservadora ele é bem profundo. Para ter acesso à estas aulas, é preciso pagar, mas são 30 reais por mês e com uma net boa, você consegue fazer o download de todo conteúdo do site em alguns dias. Procure pelo curso de Teodiéia.
Mas eis alguns links que pode achar interessantes:
http://padrepauloricardo.org/episodios/trindade-comunhao-de-amor
http://padrepauloricardo.org/aulas/teologia-da-libertacao-e-o-pobre-como-lugar-teologico
http://padrepauloricardo.org/aulas/o-fascismo-e-marxismo-cultural
Existe muito mais material sobre Kant e seu efeito danoso à fé cristã, mas como disse, você terá de pagar. Eu tenho todas as aulas, mas são pesadas demais para enviar por e-mail.
Criticar Kant e não aceitar suas idéias, hoje em dia é quebrar as pernas do relativismo e da indiferença religiosa. E é apenas por isso que o faço.
Sua visão filosófica:
ExcluirSobre sua visão de filosofia, ela é de fato bem Kanteana, você parece acreditar que um pensamento filosófico não tem impacto ou influência sobre nosso modo de vida, assim como Kant o faz. Mas uma coisa leva a outra. A proibição Kantana de se pensar sobre Deus e a metafísica , levou ao relativismo e à indiferença religiosa. Claro que Kant não pretendia isso, mas o que tem a ver sua pretensão com o que de fato ele fez?! Nada, neste caso, não estou condenando Kant ao inferno...rsrsr. Mas apenas demonstrando a que erros levaram o seu pensamento.
Hoje, em debates com ateus, eles muitas vezes citam Kant para mim, exatamente por que foi a partir dele que a metafísica passou a ser negada. Veja neste link, um exemplo do que estou falando:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=387561618023392&set=a.141081642671392.27290.141074696005420&type=1&theater
Sobre Fé e Razão:
Sobre o conhecimento de Deus, eu não digo nada além do que a Igreja ensina: “A santa Igreja, nossa mãe, sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana a partir das coisas criadas. Sem esta capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. O homem tem esta capacidade por ser criado à imagem de Deus.” (CIC 36)
Você me perguntou: “Você acredita mesmo que há meios empíricos para conhecer Deus?”
Minha resposta é aquilo que a Igreja ensina. SIM!
“Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura a Deus descobre certas ‘vias’ para aceder ao conhecimento de Deus. Chamamo-las também de ‘provas da existência de Deus’, não no sentido das provas que as ciências naturais buscam, mas no sentido de ‘argumentos convergentes e convincentes’ que permitem chegar a verdadeiras certezas. Estas ‘vias’ para chegar a Deus têm como ponto de partida a criação: o mundo material e a pessoa humana.” (CIC 31)
Eu sei que você é católico. Sei que você busca a verdade. Mas eu acredito que sua visão de mundo, padece de acesso de Kantismo e por isso, às vezes parece seu discurso muito mais com o protestantismo do que com o catolicismo. Pois de fato, os protestantes não acreditam que podemos chegar ao conhecimento de Deus, se não pela Revelação. Mas isso é um erro lógico, pois se não formos capazes de Deus por meios naturais (uso da razão) não o seríamos capazes de Deus por meio da Revelação (uso da Fé).
Conclusão:
ExcluirPara finalizar, e para você não pensar que tenho eu algum preconceito injusto com relação à Kant, peço que leia um livro: “Não tenho fé suficiente para ser ateu.” Este é um ótimo livro, foi escrito por dois pastores protestantes em que eles apontam exatamente esta problemática de Kant levar ao Agnosticismo.
O que me faz pensar, se de fato, você conhece a filosofia de Kant ou apenas o que a história da filosofia diz sobre ele. Eu não conheço as obras de Kant, mas os autores deste livro, até por serem protestantes conhecem e é com base neles também que criticamos tudo o que Kant pensou.
Não há distinção de filosofia e realidade. Na verdade, até Kant, todos estes autores que citei, dizem que a Filosofia sempre teve como base a realidade e é por Kant não pensar a realidade, que ele cria aquilo que deu origem e margem para toda a ideologia que está hoje nos atormentando.
Eu coloquei este livro disponível para você ter acesso, mas a seguir, exporei na íntegra o que os autores falam sobre Kant para os que estiverem seguindo o debate.
Paz e bem
O AGNOSTICISMO DE KANT: DEVEMOS SER AGNÓSTICOS EM RELAÇÃO A ELE?
ResponderExcluirImmanuel Kant causou um impacto ainda mais devastador à visão mundial cristã do que o impacto de David Hume. Se a filosofia de Kant está certa, então não existe meio de saber nada sobre o mundo real, nem mesmo as coisas verificáveis empiricamente! Por quê? Porque, de acordo com Kant, a estrutura dos seus sentidos e da sua mente formam todas as informações que vêm dos sentidos, de modo que você nunca pode conhecer a coisa em si. Você apenas conhece alguma coisa para você, depois que os seus sentidos formaram essa idéia.
Para vermos como é isso, olhe através de uma janela para uma árvore. Segundo Kant, a árvore que você acha estar vendo é do jeito que parece ser porque sua mente armazena as informações que você captou em relação à árvore. Você realmente não conhece a árvore em si; apenas conhece o fenômeno que a sua mente categoriza sobre a árvore. Em resumo, você não pode conhecer a árvore em si mesma, mas apenas a árvore apreendida pelos seus sentidos.
Uau! Por que é que as pessoas comuns na rua não duvidam daquilo que vêem com seus próprios olhos, mas que filósofos supostamente brilhantes duvidam?
Quanto mais estudamos filosofia, mais nos convencemos do seguinte: se você quer fazer o óbvio parecer obscuro, simplesmente deixe a filosofia entrar em cena!
Todavia, não podemos deixar de estudar filosofia porque, como disse C. S. Lewis, "a boa filosofia deve existir; se não houver nenhuma outra razão, que exista para responder à má filosofia”.15 A filosofia de Kant é uma filosofia ruim, mas tem convencido muitas pessoas de que existe um espaço que não pode ser vencido entre elas e o mundo real; que não há maneira de obter algum conhecimento confiável sobre o que o mundo realmente é, muito menos sobre o que Deus realmente é. De acordo com Kant, estamos trancados num completo agnosticismo sobre o mundo real.
Felizmente, existe uma resposta simples para tudo isso: a tática do Papaléguas. Kant comete o mesmo erro de Hume: ele viola a lei da não-contradição. Ele contradiz a sua própria premissa ao dizer que ninguém pode conhecer o mundo real, enquanto afirma conhecer alguma coisa sobre ele, a saber: que o mundo real é impossível de ser conhecido! Com efeito, Kant diz que a verdade sobre o mundo real é que não existem verdades sobre o mundo real.
Uma vez que essas afirmações falsas em si mesmas podem desnortear até mesmo as mentes mais perspicazes, vamos olhar para o erro de Kant de outra maneira. Kant também está cometendo uma falácia lógica chamada "nada mais". Essa é uma falácia porque afirmações do tipo "nada mais" implicam o conhecimento "mais do que". Kant disse saber que as informações que chegam ao seu cérebro nada mais são do que fenômenos. Mas, com o objetivo de saber isso, precisaria ser capaz de ver mais do que simplesmente o fenômeno. Em outras palavras, com o objetivo de diferenciar uma coisa de outra, você precisa ser capaz de perceber onde termina uma e começa a outra. Por exemplo: se você coloca um pedaço de papel branco em cima de uma mesa preta, a única maneira de dizer onde o papel termina é ver um pouco da mesa que define a borda do papel. O contraste entre o papel e a mesa permite que você veja os limites do papel. Do mesmo modo, com o objetivo de diferenciar a coisa do mundo real daquela que é somente percebida, Kant precisaria ser capaz de ver as duas. Mas é exatamente isso o que ele diz não poder ser feito! Ele diz que apenas o fenômeno da mente pode ser conhecido, e não o número (palavra usada por ele para referir-se ao mundo real).
Se não há maneira de distinguir entre o fenômeno e o número, então você não pode ver em que aspectos eles diferem. E se você não pode ver em que são diferentes, então faz muito mais sentido assumir que eles são a mesma coisa. Em outras palavras, que a idéia em nossa mente representa com precisão as coisas do mundo real.
O que estamos dizendo é que uma coisa pode ser realmente conhecida em si mesma. Você verdadeiramente conhece a árvore que está vendo porque ela está sendo impressa em sua mente por meio dos seus sentidos. Em outras palavras, Kant estava errado: a sua mente não modela a árvore, mas a árvore modela sua mente (pense em um selo de cera: não é a cera que grava o selo, mas é o selo que grava a cera). Não existe um vácuo entre a sua mente e o mundo real. O fato é que os nossos sentidos são nossas janelas para o mundo. Sentidos, assim como janelas, são aquilo por meio do que nós olhamos para o mundo exterior. Eles não são aquilo para o que estamos olhando.
ExcluirNuma aula de filosofia que eu [Norm] estava lecionando, apontei as falhas da filosofia de Kant dessa maneira. Eu disse:
— Em primeiro lugar, se Kant afirma que não pode conhecer coisa alguma sobre o mundo real (a coisa em si), então como ele sabe que o mundo real existe? E, segundo, sua visão é falsa em si mesma porque ele afirma que não se pode conhecer nada sobre o mundo real, enquanto afirma que ele sabe que o mundo real não pode ser conhecido!16
Um dos alunos interrompeu-me e disse:
— Não, dr. Geisler, as coisas não podem ser tão simples assim. Você não pode destruir o princípio central dos últimos 200 anos de pensamento filosófico usando apenas algumas frases!
Usando a minha fonte favorita — a revista Seleções de Reader's Digest — eu respondi:
— É isso o que acontece quando uma linda teoria encontra-se com uma violenta gangue de fatos. Além do mais, quem disse que uma refutação precisa ser complexa? Se alguém comete um erro simples, só é preciso uma simples correção para destruí-lo.
Não existe nada de complexo em relação ao Papa-léguas: ele é simplesmente rápido e eficiente.
Fonte:
TUREK, F. & GEISLER, N; Não tenho fé suficiente para ser ateu, Vida Acadêmica, 2008, São Paulo
Obrigado pela paciência, farei o mesmo esquema para comentar suas afirmações.
Excluir"Não estou nenhum pouco interessado em sua (Kant) filosofia, se não naquilo que concerne ao que levou a nosso sociedade de realista à relativista. E nisso Kant é pioneiro, pois quando me refiro à sua biografia interiorana, estou me referindo à isso, pois como ele não venceu às barreiras físicas de seu tempo, ele ficou preso em seu pensamento e só poderia fazer o que fez, devanear..."
Eu ainda não entendi o por quê da veemência em afirmar que Kant induziu o relativismo na sociedade. Você deu bastante referências, mas seria mais fácil se você explicasse aqui de forma direta. Cite algum trecho da Crítica da Razão Pura que diz respeito à algum tipo de relativismo. Kant não faz uma "proibição", como você diz, é que realmente não tem como conhecermos a Deus pela experiência, é algo intuído pela razão, como já te expliquei, mas não pode ser conhecido.
Não é Santo Agostinho que diz que se você compreendeu, então não é Deus ?
O idealismo de Kant implica e contribui para o realismo, como já falei sobre a lógica empírica. Você não pode reduzir sua filosofia só por ser idealista. A filosofia kantiana não tem nada de relativista, peço mais uma vez para você citar algum trecho de sua obra para corroborar suas afirmações. Farei uma "provocaçãozinha": quando São Tomás tenta provar a existência de Deus, na verdade, ele que está fugindo da realidade, pois sua filosofia não se baseia em nenhum conhecimento empírico, apenas na racionalidade.
Agora irei comentar um pouco sua opinião sobre a relação entre fé e razão e depois falarei sobre os trechos que você citou.
Estamos lidando com pontos de vistas, épocas, e pensamentos totalmente diferentes. Estou sendo o apofático e você o catafático... O Catecismo da Igreja Católica, assim como o próprio São Tomás, lida com a ontologia divina de modo analítico e não real. Quando o CIC cita São Tomás, como o mesmo diz, não é pra tentar "provar" a existência de Deus por meio de um conhecimento natural e sim "no sentido de ‘argumentos convergentes e convincentes’ que permitem chegar a verdadeiras certezas." Isso é exatamente o contrário de tentar conhecer a Deus de modo empírico, Kant não foge disso, ele não nega "verdadeiras certezas". O que Kant nega é a tentativa de reduzir juízos sintéticos puros ao conhecimento natural universal. E outra coisa, mesmo se o CIC estivesse errado (ele não tentar ser nem certo e nem errado ao citar São Tomás, o CIC não quer dizer: "vejam, São Tomás está certo!"), isso não é considerado um Dogma. É irrelevante fazer uma citação desta neste âmbito de debate sobre o conhecimento e o kantismo, não tem nada a ver. Sua afirmação de que podemos conhecer Deus de modo empírico não tem base no Catecismo da Igreja Católica. Nunca a Santa Sé disse isso.
Você disse: "se não formos capazes de Deus por meios naturais (uso da razão) não o seríamos capazes de Deus por meio da Revelação (uso da Fé)."
Pra você, a fé é algo natural ou é um dom de Deus ? Penso que está é a pergunta chave para chegarmos a um entendimento.
Caio, muito obrigado por suas respostas, porém, acredito que desta última vez, faltou algum comentário sobre o texto que postei sobre a crítica feita à Kant por TUREK e GEISLER, continuo agurdando.
ResponderExcluirSobre as demais questões, seguem abaixo:
Relativismo de Kant. Como eu já disse, eu não quero e nem preciso conhecer Kant, como já disse, eu me coloco sobre os ombros de pessoas que o conhecem, muito mais profundamente até do que eu posso conhecer, e tomo como partido a crítica que eles fazem de Kant. Não quero conhecer nada de Kant, pois como já disse, aqueles que me conduzem à uma filosofia de verdade e não relativismo, me contam que ele é que deu origem ao relativismo. Sugiro que conheça você estes que apresentei para poder conhecer a raiz da crítica.
Você citou Santo Agostinho, porém, uma coisa é CONHECER a Deus, outra coisa é COMPREENDER a Deus... conhecer Deus, a própria Igreja diz e ensina que é possível, pois como o próprio CIC ensina “o homem é capaz de Deus”, outra coisa é compreender Deus, que de fato nem mesmo na eternidade o faremos.
Sobre Kant e Tomaz de Aquino, você aceita Kant e critica Santo Tomaz... ora meu caro, me desculpe, mas entre a sua crítica à Tomaz e seus elogios à Kant e a Crítica à Kant e elogios à Tomaz feitas por Edith Stein, Chesterton, Louis Lavele, C.S.Lewis (Não é católico), Pe. Paulo Ricardo e Olavo de Carvalho... me desculpe mais uma vez, mas eu não estou aqui para “REDESCOBRIR” a Roda, vou ficar do lado dos católicos. Me dê você, um filósofo católico, ou um apologista cristão que não critique o relativismo de Kant e pronto, poderei estudar este, mas perdoe minha falta de ânimo de estudar algo (Kant) que tantos gênios (já citados) me dizem que não vale a pena o trabalho... prefiro acreditar neles.
Você fez uma pergunta à mim... “na sua opinião”... me perdoe, mas não quero apresentar minha opinião, eu renuncio à minha opinião, eu não quero dar minha opinião e se em algum momento eu não utilizei do conhecimento dado, ou melhor, ensinado pela Igreja, então, me abstenho de qualquer coisa que seja minha, pois o que é meu, não vale de grande coisa a única coisa que há de bom em mim é aquilo que a Igreja me fez conhecer, que é minha experiência de Deus e meu conhecimento de Deus, conhecimento este que a Igreja me deu, e muito é claro por meio do Catecismo e da Apologia Católica, que é o que me importa.
Para mim, qualquer outro tipo de conhecimento é secundário, não digo que não possuo conhecimentos secundários, como Biólogo e professor que sou, tenho algum conhecimento em minha área de conhecimento, porém, nada disso me levaria à Deus, que é o que me importa, se eu não tive o conhecimento de Deus, ensinado e pregado pela Igreja, que diga-se de passagem não erra.
Sobre a Fé, a Igreja ensina que é um Dom dado por Deus (Pergunto à você o que não é dom de Deus?), porém, é um dom que precisa ser ensinado e educado ou melhor, transmitido e professada.
ResponderExcluirA teologia católica ensina que existe a Fides Qua e a Fides Quae.
Fides Qua = A Fé com a qual se crê. Sendo esta o Dom de Deus.
Fides Quae = A Fé em que se crê. O conjunto de Dogmas em que cremos.
E vou continuar citando o catecismo e não a minha interpretação sobre o Catecismo:
“Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura a Deus descobre certas ‘vias’ para aceder ao conhecimento de Deus. Chamamo-las também de ‘provas da existência de Deus’, não no sentido das provas que as ciências naturais buscam, mas no sentido de ‘argumentos convergentes e convincentes’ que permitem chegar a verdadeiras certezas. Estas ‘vias’ para chegar a Deus têm como ponto de partida a criação: o mundo material e a pessoa humana.” (CIC 31)
Se a Igreja ensina que “o homem... descobre certas vias para acender ao conhecimento de Deus”, então eu apenas aceito este ensinamento, não importando o que Kant diga ou o que eu pense... apenas aceito, pois posso verificar isso em mim. Se conheço à Deus, conheço por experiência e por que recebi, antes da experiência a Fides Qua, para receber da Igreja a Fides Quae. E é isso que me importa.
Como já disse, acredito que lhe sobre Caio, muita teoria filosófica e pouca teologia católica... entre uma e outra, fico com a segunda. Sugiro que você escute esta aula do Pe. Paulo Ricardo:
http://padrepauloricardo.org/aulas/fe-e-razao
E concluo:
O mundo a partir do movimento e do devir, da contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode-se conhecer a Deus como origem e fim do universo. (CIC 32)
Tudo isso, seja o “movimento e do devir”, a contingência a ordem e a beleza são conhecimentos adquiridos de forma empírica que conduz o homem, absolutamente, por meio de suas próprias forças ou melhor com o uso da RAZÃO, pela criação ao conhecimento verdadeiro e certo de um Deus pessoal...
E é isso que sei, pois é isso que me ensina a Igreja e se a Igreja não me ensinasse eu não creria.
Julgo oportuno à alguém que acompanhe este diálogo, que conheça o seguinte texto abaixo, retirado na íntegra do Catecismo da Igreja Católica (CIC):
ResponderExcluirAS VIAS DE ACESSO AO CONHECIMENTO DE DEUS
31 Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura a Deus descobre certas "vias" para aceder ao conhecimento de Deus. Chamamo-las também de "provas da existência de Deus", não no sentido das provas que as ciências naturais buscam, mas no sentido de "argumentos convergentes e convincentes" que permitem chegar a verdadeiras certezas. Estas "vias" para chegar a Deus têm como ponto de partida a criação: o mundo material e a pessoa humana.
32 O mundo: a partir do movimento e do devir, da contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode-se conhecer a Deus como origem e fim do universo. São Paulo afirma a respeito dos pagãos: "O que se pode conhecer de Deus é manifesto entre eles, pois Deus lho revelou. Sua realidade invisível - seu eterno poder e sua divindade - tornou-se inteligível desde a criação do mundo através das criaturas" (Rm 1,19-20).
E Santo Agostinho: "Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar que se dilata e se difunde, interroga a beleza do céu... interroga todas estas realidades. Todas elas te respondem: olha-nos, somos belas. Sua beleza é um hino de louvor (confessio). Essas belezas sujeitas à mudança, quem as fez senão o Belo (Pulcher, pronuncie "púlquer"), não sujeito à mudança?"
33 O homem: Com sua abertura à verdade e à beleza, com seu senso do bem moral, com sua liberdade e a voz de sua consciência, com sua aspiração ao infinito e à felicidade, o homem se interroga sobre a existência de Deus. Mediante tudo isso percebe sinais de sua alma espiritual. Como "semente de eternidade que leva dentro de si, irredutível à só matéria" sua alma não pode ter origem senão em Deus.
34 O mundo e o homem atestam que não têm em si mesmo nem seu princípio primeiro nem seu fim último, mas que participam do Ser em si, que é sem origem e sem fim. Assim por estas diversas "vias", o homem pode aceder ao conhecimento da existência de uma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo, "e que todos chamam Deus"
35 As faculdades do homem o tomam capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal. Mas, para que o homem possa entrar em sua intimidade, Deus quis revelar-se ao homem e dar-lhe a graça de poder acolher esta revelação na fé. Contudo, as provas da existência de Deus podem dispor à fé e ajudar a ver que a fé não se opõe à razão humana.
III. O CONHECIMENTO DE DEUS SEGUNDO A IGREJA
ResponderExcluir36 "A santa Igreja, nossa mãe, sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana a partir das coisas criadas”. Sem esta capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. O homem tem esta capacidade por ser criado "à imagem de Deus”.
37 Todavia, nas condições históricas em que se encontra, o homem enfrenta muitas dificuldades para conhecer a Deus apenas com a luz de sua razão:
"Pois, embora a razão humana, absolutamente falando, possa chegar com suas forças e lume naturais ao conhecimento verdadeiro e certo de um Deus pessoal, que governa e protege o mundo com sua Providência, bem como chegar ao conhecimento da lei natural impressa pelo Criador em nossas almas, de fato, muitos são os obstáculos que impedem a mesma razão de usar eficazmente e com resultado desta sua capacidade natural. As verdades que se referem a Deus e às relações entre os homens e Deus são verdades que transcendem completamente a ordem das coisas sensíveis e quando estas verdades atingem a vida prática e a regem, requerem sacrifício e abnegação. A inteligência humana, na aquisição destas verdades, encontra dificuldades tanto por parte dos sentidos e da imaginação como por parte das más inclinações, provenientes do pecado original. Donde vemos que os homens em tais questões, facilmente procuram persuadir-se de que seja falso ou ao menos duvidoso aquilo que não desejam que seja verdadeiro"
38 Por isso, O homem tem necessidade de ser iluminado pela revelação de Deus, não somente sobre o que ultrapassa seu entendimento, mas também sobre "as verdades religiosas e morais que, de per si, não são inacessíveis à razão, a fim de que estas no estado atual do gênero humano possam ser conhecidas por todos sem dificuldade, com uma certeza firme e sem mistura de erro”