quinta-feira, dezembro 31

Sempre é agora

O dia de hoje, somente se repetirá daqui a um ano inteirinho... 365 dias. Mas na verdade, este dia não se repetirá jamais, e não apenas os dias, mas as horas, minutos e segundos. Cada uma destas unidades de tempo não mais se repetirá. São únicas e irrepetíveis, estando nós cientes disso ou não.

Gosto de pensar como seria o tempo para Deus, e há um poeta que cantou: “o tempo de Deus é pra sempre”. E se para Deus o tempo é pra sempre, então para nós, todos os dias são dias de nos encontrarmos com Ele. E Ele nos espera e sempre estará por ali ou por lá, para sempre Ele nos chamará a conversão, e isto torna cada milésimo de segundo extremamente oportuno para nos encontrarmos com Ele.

A metanóia, mudança de sentido, deve acontecer todos os dias de nossa vida, pois nosso pai Adão, ao final de um dia como hoje, dormiu distante de Deus e quando acordou, não mais ouvia a Sua voz, não mais o contemplava com seus olhos.

Mas o nosso Criador, é um excelente programador, e inseriu em sua obra prima, uma chave de segurança chamada fé, pois, após o pecado, todos os nossos sentidos ficaram cegos e nosso mundo interior, os nossos sentimentos, foram invertidos. Agora, sem a fé, seria impossível para Adão sozinho se reencontrar com Deus...

Sendo assim, a fé é o exercício do encontro, e não mais de forma natural, mas de forma que nos exige o esforço e o empenho pessoal de ver a Deus e ouvir a Sua voz, onde e quando é aparentemente impossível que Ele esteja... Mas Ele estará lá... A nossa espera... Em todos os lugares e em todos os dias, que para Ele, é para sempre, e para nós, se chama hoje, ou melhor... Agora!

Oração:

Meu amado Jesus, hoje e agora, eu me decido pela fé! Decido por encontrar-vos em todo espaço e em todo tempo. Decido pela opção de lhe honrar, temer, servir e amar na pessoa de cada um, seja ele quem for!

Decido continuar caminhando em tua direção, e agora, me decido por perdoar a todos em minha vida. E o que desejo, a cada um, meu Senhor e Pai, é que...

... ao que me feriu, que suas feridas sejam curadas!
... ao que me abandonou, sempre esteja ao Vosso lado!
... ao que me acusou, Vós, oh Senhor, o defenda!
... ao que me ameaçou, Tu sejas a sua segurança!
... ao que me humilhou, que encontre-se com Vossa glória!
... ao que me enganou, que Tu sejas a sua única verdade!
... ao que me agrediu, que nunca lhe falte o Teu abraço!

Que todo rancor se converta em amor.
Que toda solidão se torne unidade.
Todo desafeto transforme-se em amizade.
E toda indiferença se torne Caridade!


Amém!

quarta-feira, dezembro 30

Amarás os zumbis como a ti mesmo!

Você já reparou como hoje em dia se publicam cada vez mais mídias dedicadas a tratar o tema dos “zumbis”? São inúmeros filmes e de todos os gêneros, até documentários, são centenas de games e uma quantidade quase infinita de livros que abordam o tema, existem revistas que apresentam o lado especulativo da coisa bem como temas de jornais e até novelas e seriados.

O tema não é novo, o registro mais antigo de descrições semelhantes a zumbis, datam da mesopotâmia do século VII (a.C) - A epopeia de Guilgamesh - que se cogitam muito terem influenciado o livro de Gênesis. Mas claro, a lenda zumbi, é semelhante em inúmeras culturas, desde o mundo árabe antigo quanto à cultura nórdica da Escandinávia e a milenar cultura chinesa. Ou seja, zumbis, sempre existiram, e o número de seu relato é superior a relatos históricos relativamente recentes como os próprios relatos bíblicos.

Mas o que é um zumbi? De maneira geral e contemporânea (George Romero, 1968), são pessoas que foram contaminadas por agentes biológicos que causaram a morte do indivíduo, porém, lhe conferem a habilidade de movimentação, mesmo estando mortos. Outra definição mais antiga, é que são pessoas que morreram de forma indevida ou mesmo que foram enterrados de forma desrespeitosa que retornam à vida para se vingarem dos vivos.

Tomando a afirmação de que, “Nada está na realidade política de um país se não estiver primeiro na sua literatura” (Hugo Von Hofmannsthal). Amplio esta afirmação e digo que nada está na vida real, sem antes ter estado na literatura (mídias em geral) da humanidade e se tal afirmação é verdadeira, estamos no encaminhando para um verdadeiro “apocalipse zumbi” devido ao grande número de mídias que falam sobre o tema. Pois toda cultura cria sua própria versão de zumbis e existe até uma sociedade com um corpo acadêmico que estuda o tema, é a Zombie Research Society  - ZRS (Sociedade de pesquisas zumbis).

Veja algumas definições tiradas de pessoas que “entendem” o universo zumbi:

“Aparência apodrecida, funções cognitivas limitadas e apetite por carne humana” (ZRS)

“Todo tipo de característica humana some, eles parecem humanos, mas não são quem costumavam ser” (Steven Schlozman, autor de The Zumbie Autopsies)

O que mais assusta é que não é apenas um zumbi, é um grupo, você não pode fugir e nem matar todos eles. A ideia de que o perseguem, é por que simplesmente você tem um coração vivo.” (Max Brooks, Autor de Guerra mundial Z)

“Alguém cuja mente é controlada por outra pessoa é como um escravo” e “o único jeito de detê-los é atraí-los de volta ao chão de alguma forma” (Rebekah McKendry – produtora e diretora da Revista Fangoria, revista especializada em terror)

Então sabemos que os zumbis perdem sua identidade, adquirem uma aparência comum, pois todo mundo sabe quem é zumbi apenas olhando para ele (veja o vídeo de como a cultura zumbi afeta as pessoas), pois seu estado de “decomposição” já iniciou, mas ele aparentemente ainda está vivo. E em função destas características que acabo de descrever é que acredito que os zumbis já estejam entre nós e são tão ou até mais vorazes do que os da ficção e da mitologia.

E acredito ainda, que toda esta “cultura zumbi” esteja querendo nos sinalizar algo mais profundo e importante do que simplesmente causar terror nas mentes que buscam de entretenimento, pois Deus fala por meio de sinais e acontecimentos e com certeza está utilizando as mídias para nos dizer, não o que as mídias querem transmitir, mas o que estão de fato transmitindo apesar de suas próprias intenções.

Há um trecho das Sagradas Escrituras que nos diz: “Eis a praga com que o Senhor vai ferir todos os povos que atacaram Jerusalém: apodrecerá sua carne, estando eles ainda de pé; seus olhos apodrecerão dentro de suas órbitas, e a língua lhes apodrecerá dentro da boca. Naquele dia o Senhor semeará o pânico no meio deles, de sorte que se atacarão mutuamente, e levantarão as mãos uns contra os outros.” (Zc 14,12-13)

Eis aí, a descrição dos zumbis, sejam modernos ou antigos, estas características são comuns em muitas pessoas que conhecemos e que convivem conosco. Com o termos “apodrecerá a carne”, “seus olhos apodrecerão”, “a língua lhes apodrecerá dentro da boca” e “se atacarão mutuamente”, podemos tirar algumas conclusões em analogia ao que está acontecendo à nossa volta.

Cada vez mais pessoas desenvolvendo doenças psicossomáticas como o câncer (doença muitas vezes sem explicação de causa), que muitos padres e pastores atribuem ao se guardar o “veneno” do rancor e não sabermos lidar com o perdão de forma natural e gratuita.

Pessoas incapazes de ver a realidade como ela é, que confundem fatos com opiniões, onde você lhes apresenta um fato e elas te respondem: “não concordo!”. Como se o fato de não concordarem, retirasse do argumento o fato de ser fato!

E muitos indivíduos incapazes de usar a língua para causas verdadeiras e profundas, fixando o seu discurso somente na superficialidade, julgando a vivendo pelas aparências, e somando o seu discurso ao de uma multidão de pessoas, que não amam verdadeiramente, mas que se solidarizam e se suportam, em nome da conveniência e apenas pelo “valor” da força demográfica.

São verdadeiramente zumbis, os que se vestem segundo a moda, pensam conforme determinada ideologia, agem de acordo com a etiqueta do momento, que são manipuláveis, pois foram adestrados desde a infância pela TV e doutrinação escolar, que não conseguem acordar de seus sonos e sonhos que os mantém na ilusão de que quando se diz a verdade se está fazendo algo errado.

Os zumbis do politicamente correto, da moda, do bom-mocismo, da paz sem guerra, do amor sem sacrifício e da espiritualidade que abre mão da justiça em nome da misericórdia estão por aí. Eles lhe perseguirão a todo custo, pois sabem que no teu peito bate um coração que está vivo, um coração conforme o coração de Deus, que enfrenta tudo e encara tudo em nome da verdade nos mínimos detalhes, da coerência de vida e de discurso em todos os momentos primeiramente em sua própria vida e principalmente em nome do amor que você decidiu ter por eles. Ame os zumbis à sua volta, ame de verdade, reze por eles, mas não deixe de lhes trazer de volta ao chão. Eles irão espernear, tentarão te morder e até conseguirão algumas vezes, mas resista, ame até o fim, e como já disse Jesus:

“Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.” (Mt 10,22)


Preparen-se para o Apocalipse Zumbie: https://www.youtube.com/watch?v=wz0Hw44Tjic
Como a cultura zumbi afeta as pessoas: https://www.youtube.com/watch?v=SPoybAemWM0
Zumbis – Uma história viva (Documentário): https://www.youtube.com/watch?v=XeB-nOAdpXg

quarta-feira, dezembro 16

5º. Testemunho: “Ame e faça o que quiser” (Sto Agostinho)

Enfim este é o quinto testemunho. Testemunho de uma família de 6 pessoas que, juntos passamos por tudo e vimos tudo que foi relatado. Poderia relatar aqui, os desmandos, as misérias ou os crimes que fomos testemunhas, ou ainda as heresias, profanações, sacrilégios, ameaças, perseguições e agressões físicas que passamos, mas isso iria arruinar a comunidade, e não é este o objetivo, e sim, chamar a atenção de todos, tanto amigos, benfeitores, consagrados, acolhidos e padres para o risco de deixar a comunidade morrer, esta responsabilidade é sua, que está lendo este texto.

Somente Deus conhece o interior do coração do homem, só Ele é capaz de saber as motivações, os interesses e as intenções dos nossos corações, por isso, posso ficar tranquilo, pois o que me motivou foi o desejo de vir à tona a verdade, o interesse foi a salvação das almas e as origens de minhas intenções estão no bem comum e tudo o que fiz e disse foi por amar, e não será diante de ninguém, se não somente diante de Deus que darei conta de minhas ações.

Deus sabe o quanto amo os consagrados e padres, irmãos de comunidade, e o quanto desejo que sejam santos e se salvem. Abri mão de seus elogios, de seus sentimentos e até do convívio em comunidade pra lembra-los de que a vida em Deus se faz todos os dias e que não importa a história que tivemos, por mais maravilhosa que tenha sido, ou se convivemos com um santo homem, se ainda estamos vivos, temos nossa alma a perigo. Não se esqueça disso meu irmão!

Deus age através de nós. Jesus para ressuscitar Lázaro pediu aos que estavam em Betânia que removessem a pedra. Remover a pedra é fazer a nossa parte! A nossa parte, na comunidade, é promover um ambiente saudável, onde reine a presença de Deus pela oração, que é o fundamento da restauração, pela convivência que deve sempre girar em torno das “coisas do alto” e pelo trabalho que deve ser vivido como um “privilégio sagrado” (palavras do fundador) e ao vermos a transformação que ocorre ao nosso redor, provocada por nossas mãos que trabalham, acabamos assimilando que é possível transformar a nossa vida. Nossa vida! Não apenas a vida dos acolhidos!

Assim sendo, o trabalho que não transforma a vida da pessoa, a convivência que não coloca Deus no centro e a oração que não nos leva ao encontro do outro e a morte de nossos interesses e vontades, não é o tipo de oração, convivência e trabalho que o fundador desejou para a comunidade.

Nosso papel dentro da comunidade é ser, no mínimo, exemplo de vida de oração, de vida fraterna e de um trabalho que nos transforme e nos melhore. O papel dos “sócios residentes” que assumiram uma vida consagrada é remover a pedra, como na Betânia bíblica, é ser exemplo de vida, dar testemunho de abnegação, solidariedade e sacrifício.

Se não fizermos isso, os muitos “Lázaros” que são chamados até de “filhos” (acolhidos) não serão ressuscitados e nunca sairão dos sepulcros. E o Senhor irá nos cobrar, irá nos pedir contas de cada acolhido e acolhida que passou por nossas vidas, e só não foram restaurados, por que não demos o nosso melhor.

Se fizermos tudo o que estiver ao nosso alcance, se dermos o nosso sangue, suor e lágrimas, ainda assim haverão aqueles que por sua liberdade irão optar por não saírem de seus sepulcros, mas se fizermos o nosso melhor, Deus irá fazer a parte dEle, honrando a nossa vida com a restauração dos nossos “filhos”. “Almas custam sangue” (Pe. Pio), e se não demos o nosso sangue, é por que ainda não estamos conseguindo as almas.

Hoje, de consciência tranquila, paz e a satisfação de ter cumprido o meu dever posso dizer: “Portanto, hoje dou testemunho diante de todos vós: eu não sou responsável se alguém se perder, pois não deixei de vos anunciar todo o plano de Deus a vosso respeito. Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos estabeleceu como guardiães, como pastores da Igreja de Deus que ele adquiriu com o seu sangue.” (At 20, 26-28)

Irmão, não se deixe enganar, se ainda estamos vivos, não importam os cargos, as doações, o status ou o prestigio que tenhamos nada disso irá nos salvar, pois no último dia, não será o testemunho das pessoas sobre nós que irá salvar-nos, mas o que fizemos com os dons que Deus nos deu...

Cada acolhido é um dom, que temos nas mãos e devemos fazer multiplicar, cada acolhido que vem a um recanto e sai sem ser restaurado, deve ser chorado, mas não apenas por ele, mas pelo dom que Deus nos deu e deixamos escapar entre seus dedos.

Estes 3 maravilhosos anos, serviram para mostrar a minha vocação: “Acolher cada um como o próprio Cristo”, seja onde eu estiver, aprendi que não é o fato de ser consagrado que me torna um consagrado, conheci acolhidos mais consagrados que padres, que amam mais Jesus do que os que “fizeram votos”.

Como foi importante para minha família o tempo que passamos na comunidade, antes de lá, só havíamos convivido com religiosos de verdade, com padres que eram pastores e com consagrados que davam sua vida aos irmãos, e depois disso, poder estar com tantos contra testemunhos nos deu a oportunidade de ver que a Igreja é sempre santa, e quanto mais nos afastamos de seus ensinamentos, do testemunho dos santos e da doutrina ensinada pelo magistério, mais nos pareceremos com aqueles que infelizmente se esqueceram do que é ser Igreja e de que suas almas estão a perigo e estão dentro da comunidade.

Como nos ensina o Eclesiástico 19,1b: “aquele que se descuida das pequenas coisas, cairá pouco a pouco.” Por isso, tomemos cuidado com as “pequenas” negligências, pois elas acabarão se tornando a nossa ruina e a nossa perdição.

Nossa consciência está tranquila, pois “antes de julgar, procura ser justo; antes de falar, aprende. Usa o remédio antes de ficares doente. Interroga-te a ti mesmo antes do juízo, e acharás misericórdia diante de Deus.” (Eclo 18,19-20) Temos tentado e nos esforçado para viver o propósito de aprender e de interrogar-nos sobre os nossos pecados, na vivência sacramental, na oração diária do santo rosário e na vida familiar e comunitária, tudo para Honra e Glória do Nome de Jesus e pela Graça de Deus e quem nos conhece, conhece os nossos frutos e “pelos frutos que se conhece a semente” (Lc 6,43).


Pai Santo, Pai Querido, Pai Amado, como é bom saber que cuida de nós, que ama e acolhe os nossos pecados e as nossas misérias, que nos ama de tal forma que nos dá a oportunidade de vermos em cada irmão a presença real de Cristo. Senhor Jesus, vós sois a razão de nossa vida e deste sua vida, paixão, morte e ressurreição para nos ensinar o que é amar e derramaste o Espírito Santo sobre nós. Santo Espírito, que habita em nosso peito, que inspira em nossos corações as obras e as ações, nos ilumine a todos. Santíssimas Trindades, que após esta vida, todos nós estejamos juntos de ti no Céu, vos louvo pela conversão e pela restauração de cada pessoa que está vivendo da comunidade e por tantos milhares que estão machucados pela comunidade, que encontrem o perdão e a cura e possamos gozar a vida como irmãos. Amém

quarta-feira, dezembro 9

4º. Testemunho: Chá de “Já tôbão”!

Existem muitos problemas com a vida religiosa, mas há alguns que estão relacionados com a mentalidade contemporânea, e que precisam ser combatidos para que a vida consagrada seja realmente consagrada.

O maior e principal deles, em minha opinião é o “já tôbão”. Que consiste em que o religioso, por “já ter” aberto mão do mundo e se introduzido em uma comunidade religiosa, ele já fez o que devia fazer e se sente desobrigado de fazer outras coisas ou fazer mais...

No caso da comunidade, os consagrados e padres que lá vivem, acreditam, que por já estarem vivendo com os dependentes químicos “já fizeram” mais do que deviam. Claro que eles não declaram isso, mas vivem isso!

Para constatar isso, basta que você descubra o horário da oração pessoal de algum deles (se há um horário específico, ou se há um horário para isso) e convidá-lo, por exemplo, para ir à uma pizzaria, ou se uma “visita” importante chega no recanto, ou um dos membros da diretoria da comunidade... sei lá, qualquer desculpa serve, para deixar a oração pessoal, acompanhamento dos acolhidos ou até a oração comunitária.

E quando conversam entre si você escuta aquela justificativa: “Eu já abri mão de tudo para estar aqui, que mal tem deixar uma tarefa para se fazer o que agrada, não é pecado!?”

É comum um acolhido entrar num recanto, passar 6 meses no recanto e nenhum consagrado sentar com ele em nenhum dos 330 dias que ele passou por lá para acompanha-lo, e quando é questionado, é comum se ouvir: “Quando eu era acolhido fiquei mais de um ano sem ser acompanhado e olha eu aqui!”. Esta mentalidade é comum na maioria dos consagrados.

E o pior nem é isso, o pior é quando um dos acolhidos questiona isso, pois ele lê no livro que dá todo o direcionamento das atividades de um consagrado e cobra os consagrados à vivência do que o fundador idealizou, e infelizmente, este acolhido, é taxado pelos consagrados com os mais variáveis rótulos: “pessimista”, “arrogante”, “sem discernimento”. E na pior das hipóteses, este acolhido, acaba sendo perseguido por um dos consagrados até que o acolhido, que está na comunidade para ser reparado, restaurado, acaba desistindo ou até sendo mandado embora.

Infelizmente presenciei uma cena terrível, um acolhido que estava na comunidade há 4 meses (128 dias) e nunca havia sentado com nenhum dos consagrados do recanto para conversar e ser acompanhado, (nesta época, minha esposa e eu não tínhamos autorização para acompanhar os acolhidos), e depois deste tempo todo, aquele acolhido, que era chamado de “filho” e deveria ser tratado como tal, ao questionar um dos consagrados que insiste e faz muita questão de ser chamado de “pai” pelos acolhidos (pai fulano), gritou para o acolhido: “se não está satisfeito, pegue suas coisas e vá embora!”

Simples assim... Aquele acolhido, que de fato estava lutando para permanecer na comunidade, lutando diariamente contra a abstinência da droga, que esperava ser acolhido e cuidado na comunidade, após abrir o coração e “reclamar” justamente algo que é propagandeado, mas não é feito, foi expulso do recanto sumariamente, sem reuniões, sem consultar os demais consagrados, sem nenhuma satisfação se não: “ele estava arrumando situação para ir embora e conseguiu”.

Mas, como a consciência deste e dos demais consagrados já está tomada pelo “já tôbão” ele se justifica para si mesmo e diz, que não é por falta de misericórdia ou de acolhimento que ele tomou esta atitude, e não é fruto de autoritarismo o fato dele não ter consultado os demais membros da comunidade, mas sim, é a ação do “espírito” nele que o autoriza agir daquela maneira. Obviamente, este consagrado especificamente depois até teve um problema mental sério, devido ao seu próprio afastamento da oração pessoal e da sua vida consagrada e é claro a sobrecarga que os padres da comunidade submetem aos consagrados, que também justificam o não cumprimento de suas atividades de consagrados com a sobrecarga de trabalho no recanto.

E este exemplo pontual, se repete em maior ou menor intensidade nos demais recantos da comunidade, onde os membros da comunidade, que deveriam viver em clima fraternal e familiar, vivem competindo pela atenção dos padres e por cargos para ter algum poder e assim oprimir os demais consagrados.

Isso fica claro nos cargos de “superior” e de “administrador” dos recantos. É caricato o consagrado que assume a função de administrador num dia, no dia seguinte é tratado com maior honra e “puxa-saquismo” pelos demais consagrados da comunidade. É tratado como chefe e patrão. Assim como tratam os padres e os padres os tratam, assim eles tratam entre si.

O consagrado com função de administrador, se acha no direito de nem mesmo participar das reuniões semanais, ou das orações comunitárias e muito menos dos momentos de convivência, pois “ele é mais importante que os outros”. E como é triste ver quando aparecem câmeras e holofotes que este consagrado é sempre o primeiro a aparecer. Claro, que esta atitude foi aprendida com o presidente da comunidade que age da mesma forma.

Houve um caso, certa vez, que um consagrado, aquele que gosta de ser chamado de “pai fulano”, que era o superior do recanto, quando teve o surto, no dia seguinte, a mando dos próprios padres, teve seu filho, que residia com ele no recanto, expulso da comunidade. Depois que o tal consagrado voltou para o recanto, os padres disseram que foi culpa da administradora, que continua insistindo que fez tudo por que os padres mandaram. Resultado: se dizem irmãos, mas na hora de serem irmãos, são os piores inimigos uns dos outros.

Faça você mesmo a experiência, sente com um consagrado e seja sincero emitindo sua opinião sobre os consagrados com cargos, imediatamente você irá ouvir, da boca do consagrado, que deveria zelar pela vida dos irmãos que já tem a sobrecarga dos cargos, as coisas mais atrozes e terríveis uns dos outros. Coisas que nunca são ditas diretamente. Coisas que na convivência com todos nunca é tocada.

Graças a Deus, e ao fundador da comunidade, minha esposa e eu aprendemos que esta é a cultura do “BBB”, é a cultura dos “cristãos light” e nunca fomos coniventes com isso. Em todas as reuniões tratávamos o que precisava ser tratado e dizíamos o que estávamos sentindo e precisava ser dito, e por isso mesmo, nunca fomos acolhidos no coração da maioria.

Mas isso se deve à mentalidade e ideologia pregada e ensinada pelo presidente da comunidade que insiste em dizer a todos: “É mais importante saber dizer do que dizer”. Colocando o politicamente correto na frente de todas as relações sociais, e é claro propagando a cultura da omissão, da negligência e da má vontade. Quando o profeta disse para o Senhor, que ele não sabia falar, a resposta do Senhor foi: “porquanto irás procurar todos aqueles aos quais te enviar, e a eles dirás o que eu te ordenar.” (Jr 1,7)

Sabe...muitas vezes este diálogo passou pela minha cabeça. O Senhor dizendo ao presidente da comunidade para profetizar e dizer as verdades que ele conhece, sente e sabe que precisa dizer, mas ele respondendo: “Senhor, vós não sabeis que é mais importante saber dizer que dizer, por isso, como eu não sei como dizer, então vou ficar quieto”. E o Senhor dizendo pra ele: “Não digas que não sabes falar, vai falar por Mim”. E o presidente (que é chamado de prefeito pelos consagrados) fica quieto, pois, justifica sua consciência para si mesmo: “eu já assumi esta comunidade, sem ter querido fazer isso, ‘já tôbão’ e não preciso fazer mais nada”.


E não faz mesmo, não cumpre horários, não cumpre com suas promessas, desmarca compromissos, coloca seu bem estar na frente dos demais, faz uma igreja inteira esperar pelos seus caprichos de não “gostar de relógio” e começar a Santa Missa com um atraso de uma hora e ainda faz uma hora de homilia para justificar o seu atraso. Por isso, a “culpa” nem é tanto dos consagrados, pois estes estão aprendendo com o presidente, que faz questão de não fazer mais nada do que já faz, pois à final de contas... Ele “já tá bão!”

quarta-feira, dezembro 2

3º. Testemunho – Imitação do Cristo

Como já contei no 1º e 2º Testemunho, sobre a comunidade de vida em que vivi por três anos com minha família, que também é uma comunidade terapêutica fundada por um padre muito querido e famoso no Brasil, que se destacou por uma pregação bem humorada e faleceu em 2007 vitima do câncer, dando um testemunho maravilhoso seguindo na radicalidade o versículo “Buscai as coisas do alto” (Cl 3,1).

No primeiro testemunho, tentei expor o maior problema da comunidade, e no segundo o caminho que ela está tomando deixando de ser uma comunidade religiosa, que busca a restauração das pessoas, e também dos dependentes químicos, e se tornando uma instituição sem alma que busca somente o interesse de quem está à frente.

E agora, é importante dizer, que o fundador da comunidade, assim como todo homem santo e profeta, carrega em si e em seu modo de vida, a profecia e o anúncio que recebeu de Deus, e assim como em Jesus, quem O olhava, quem estava com Ele e quem O conhecia, já estava em contato com a Palavra de Deus. O mesmo acontece com os santos, quem os conhece e os vê, já está diante da profecia que Deus quer lhe anunciar.

Ora, se isso é verdade, e já sabemos que é, quem sabe destas coisas, terá uma importante tarefa, que poderá salvar a sua alma, que é a tarefa de imitar o santo que conheceu. Infelizmente o atual presidente gosta de repetir, que “não pretende ser um novo ‘fundador’” e que ele não é “igual” ao fundador. Diz isso, para que não o cobrem tal testemunho.

Agora, você imagina se, em tal tentação caíssem os apóstolos e se eles dissessem “Não somos Jesus e não pretendemos ser um novo Jesus”, “Uma coisa é a vida de Jesus, e outra coisa é a Igreja” ou ainda “não pretendemos ser iguais a Jesus”.

Pelo que nos consta, sabemos que Jesus é o modelo da Igreja (Ele é a própria Igreja), e que o fundador de uma comunidade, é o modelo da comunidade, Jesus viveu naquele homem, logo se o imitarmos, pois, é bem mais fácil imitar o fundador do que Jesus, estaremos caminhando na direção certa, rumo à nossa salvação.

Então, o mais correto, seria que o atual “prefeito” da comunidade, o suposto sucessor, morresse para si mesmo, na tentativa de ser igual em tudo ao fundador, e consequentemente, Deus confirmaria o seu ministério, lhe dando, é claro, a exclusividade de sua própria vida e do seu jeito de pensar e agir.

Ele seria um novo “fundador”, e com sua própria maneira de ser. Porém, infelizmente na vã tentativa de se auto afirmar, ele não só não imita o fundador, como ainda denigre a sua imagem ao dizer que “há coisas que são do fundador e outra coisa que é o carisma”, demonstrando assim que “só ele” (o prefeito) sabe (por que julga ter tal clarividência) o que é o carisma, como se o próprio fundador desconhecesse o carisma.

Outra consequência disso, é que ao invés de termos consagrados que imitem o fundador, temos “supostos consagrados” que imitam o prefeito, e são repetidores do pensamento defeituoso e mesquinho do prefeito. Que colocam seus interessem em primeiro lugar e que não se dedicam à vida com Deus, no irmão, assim como o prefeito faz.

Se o prefeito deixasse de ser “prefeito” e lutasse dia e noite por exigir de si mesmo o compromisso que o fundador tinha, mesmo que ele nunca conseguisse, o Senhor, confirmaria sua obra e a obra do fundador, a comunidade, estaria de fato crescendo e não apenas fingindo que está, em encenações que atraem pessoas, mas que espantam a vontade de Deus.

Um exemplo disso é na “grande comemoração” de aniversário da comunidade, em que se celebrou a renovação dos “votos” de inúmeras pessoas que já haviam dito que não os renovariam, pessoas que não tinham condição nenhuma de renovar os votos, pois estão em situação irregular diante até mesmo dos sacramentos.

Não estou condenando ninguém, basta que o prefeito se converta e imite o fundador, e todos irão segui-lo. Quanto aos irregulares, que regulem a vida e ingressem no compromisso que o fundador tinha com a obra e testemunhou isso até o último suspiro, e não imitem o descompromisso do prefeito.

Esta obra é de Deus. Não será o descompromisso do prefeito ou a negligência dos que são próximos à ele que irá destruí-la. Na verdade, o que é de Deus, permanece e o que é do homem ou muda ou morre.


Que o Senhor Jesus, nos dê a graça da conversão e que, neste advento, Jesus traga um novo ânimo à nossa comunidade e que os inúmeros “prefeitos” se convertam em novos fundadores, cunhados à partir dos moldes que Tu, Senhor, formou o fundador, e que a sociedade ao olhar para a comunidade, vejam, de verdade, e não apenas de maneira superficial e vã, como agora, que cada consagrado, padre e acolhido, trás em si, traços da personalidade do fundador, tão fortes que até sejam capazes de exprimir: “Já não são eles que vivem, mas o fundador que vive neles.” Por intercessão de Maria, Mãe da Igreja e por Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.

quinta-feira, novembro 26

Como cordeiros

Em meio a uma cultura politicamente correta em que os comportamentos todos estão padronizados, “se fazes isso és bom”, “se fazes aquilo és mal”, em que existem inúmeros padrões de julgamento, realmente é estranho, à quem aderiu a tal cultura, quem não viva conforme tais procedimentos padronizados. Porém, é importante e exista o aparente exótico, pois como verão todos que tais comportamentos e procedimentos padronizados não conferem ao executor bondade ou maldade?!

O problema é que esta padronização dá uma falsa segurança, um tipo de manual de conduta, porém totalmente convencional, e tudo o que é convencionado, não é, de forma alguma, expressão de verdade, mas sim, imposição da mentira e expressão ideológica.

O exemplo do lobo e do cordeiro, é útil, pois parece que o cordeiro, por ser cordeiro não possa afugentar o lobo, e o lobo por ser lobo, não possa ser amável e polido. Sendo assim, o lobo que invade o cercado com amabilidade e polidez engana os que já aderiram aos padrões comportamentais e os faz pensar que ele é um cordeiro. E os cordeiros que não se deixam levar pela suposta atitude polida e amável do lobo, gritam e vociferam contra o lobo, sem mesmo atentar-lhe contra a vida, pois não possuem tal poder. São confundidos como lobos, pelos demais cordeiros.

Ora, se o lobo é inteligente, será ele mesmo que terá o interesse e a ideia de criar os padrões de comportamento, para fazer-se passar por ovelha. E sem ser denunciado poder triturar as ovelhas enquanto os demais não estiverem olhando, para chorá-las às vistas de todos como se não fosse ele o vilão e assim permanecer em meio ao rebanho.

Mas se um cordeiro lhe apontar o dedo e gritar: “Eis o lobo”. Todos verão que é lobo ao arrancar a mão do cordeiro, mas quem terá coragem de ser este cordeiro?

“Ide; eis que vos envio como cordeiros entre lobos.” (Lc 10,3)


ORAÇÃO: Meu amado Jesus, tu sabes que existe no mundo uma cortina ideológica que torna cego todo aquele que não aprofunda-se unicamente em Ti, na expressão da Tua Palavra, vivia e ensinada pelas Sagradas Escrituras, Tradição apostólica e Magistério da Igreja, assim, dá-me a graça de romper com qualquer ideologia que eu tenha nesta vida, com qualquer sonho de prestígio ou de honra, que eu não tenha outro compromisso se não com a verdade. Não apenas em apontar o lobo fora de mim, mas principalmente o lobo que reside em mim. Faz-me paciente e misericordioso, principalmente comigo, para exercer a paciência e misericórdia com meus irmãos, e que a Salvação seja o valor máximo de minhas ações. Amém.

quarta-feira, novembro 25

2º. Testemunho – Se rezar você perde o emprego!

Como já contei no 1º. Testemunho, sobre a comunidade de vida em que vivi por três anos com minha família, que também é uma comunidade terapêutica fundada por um padre muito querido e famoso no Brasil, que se destacou por uma pregação bem humorada e faleceu em 2007 vitima do câncer, dando um testemunho maravilhoso seguindo na radicalidade o versículo “Buscai as coisas do alto” (Cl 3,1).

Hoje venho falar das maravilhas que, apesar das oposições, Deus tem realizado no interior da obra. Por dois anos e meio, fiquei responsável de fazer a triagem dos dependentes químicos interessados em serem acolhidos na comunidade. É um procedimento chamado pré-acolhimento, onde o candidato ao acolhimento recebe as informações referentes às regras da casa e colhemos os dados pessoais da pessoa.

Como a comunidade, a princípio era uma comunidade religiosa e não uma ONG, como é agora, colocamos os nossos dons a serviço. Fizemos uma apresentação em slides para expor a informação de maneira mais clara e objetiva, que inclusive é ainda utilizada em alguns recantos, e após a explanação, fazíamos uma oração de cura interior e de perdão.

Esta oração consistia em pedir para que os dependentes químicos permanecessem sentados, enquanto os pais ou acompanhantes rezassem intercedendo por aquela pessoa que ele havia levado à comunidade. Depois fazíamos um momento de perdão, onde todos se abraçavam, e choravam, e ali mesmo aconteciam verdadeiros milagres, curas e libertações.

Chegamos a receber alguns testemunhos de pessoas que não precisaram mais voltar à comunidade, por que a Graça de Deus já os havia tocado e mudado suas vidas. Outros acolhidos nos confidencializaram que só decidiram pela internação (acolhimento) por causa daquela oração e por causa do momento de perdão que participaram.

Houve um rapaz, pai de três filhas, do litoral paulista, com mais de 15 anos de dependência química, sem a primeira Eucaristia, com envolvimento no narcotráfico que só quis ser acolhido por causa daquela oração.

Este rapaz me deu um dos testemunhos de conversão mais lindos que já vi na minha vida. Pois quando veio para a comunidade, eu fiquei responsável de acompanha-lo. Que alma linda! Que homem maravilhoso e dedicado! Apesar de tantos anos de dependência, nunca deixou nada faltar para a família. Começou a desejar fazer a primeira comunhão e com autorização da comunidade, ministrei para ele a catequese.

O tempo foi passando, e mesmo ele tendo voltado para casa, para resolver problemas judiciais por 4 dias, ele não só não usou drogas, como também não tomou refrigerante (uma das regras da comunidade), não fumou cigarro e o maior de todos os testemunhos, estando em casa com a companheira, que ainda não haviam contraído o matrimônio, não manteve relações sexuais com ela, por amor à Jesus e para não leva-la a pecar.

Após um tempo dentro da comunidade, os membros descobriram que ele era um bom trabalhador manual (pintura) e o colocaram para trabalhar numa construção interna. Infelizmente se esqueceram que ele não estava lá para trabalhar, mas para se restaurar. Ele mesmo, muitas vezes me apresentou esta dificuldade: “parece que só querem que eu trabalhe e não se importam com o meu relacionamento com Deus”. (Infelizmente isso acontece com relativa frequência dentro da comunidade)

Então, por não aguentar mais, tanto trabalho e pouca oração, sendo deixado por alguns dias sem participar dos momentos de oração, para se dedicar ao trabalho que a comunidade deveria estar lhe pagando para fazer, mas não estava, pelo contrário, ainda lhe cobravam o capricho de um profissional. Ele decidiu ir embora.

Mas não antes de me dizer: “Só vim para esta comunidade por causa daquela oração no pré-acolhimento, e te agradeço por isso, hoje quero ser um catequista como você. Batizar minhas filhas e me casar com minha mulher”. Tudo começou naquela oração no pré-acolhimento.

Em Agosto deste ano de 2015, o Gestor Geral da comunidade, um funcionário, juntamente com a Assistente Social da casa mãe da comunidade, foram ao recanto onde morávamos. Num certo dia, me pediram para descrever o pré-acolhimento que fazíamos e falamos que rezávamos e ministrávamos o perdão. Qual não foi nossa surpresa quando na frente da nossa superiora e de outros consagrados e funcionários da comunidade, o Gestor Geral nos disse: “Você não pode fazer isso (rezar pelos candidatos) pois se você faz isso, eles correm o risco de serem curados antes de vir para a comunidade e já não seremos mais úteis.”

Estas palavras foram um duro golpe em nossos corações, pois achávamos que em uma comunidade religiosa, fundada por um padre ministro de cura interior e perdão, se estivéssemos ministrando a cura interior e promovendo o perdão entre as famílias, estaríamos fazendo não apenas a vontade de Deus, mas estaríamos de acordo com o carisma do fundador.

Pois bem... após este episódio, fomos retirados do pré-acolhimento a pedido do Formador Geral e do Presidente da comunidade, alegando que estávamos muito tempo na mesma função. Claro que obedecemos e nos dispusemos, e mais tarde questionamos, mas a resposta foi sempre a mesma: “você só olha as coisas pelo ponto negativo”.

Este testemunho, está de acordo com meu outro artigo denominado “ONG e a Indústriado Humanitarismo” onde expresso a problemática e o conflito de interesses que toda ONG tem entre resolver o problema e se manter para continuar ganhando dinheiro dos inúmeros doadores e benfeitores.

Antes de doar qualquer coisa para uma obra social, instituição e principalmente para a comunidade à qual estou me referindo, sugiro que você cobre dos consagrados, padres e funcionários da instituição, que o seu dinheiro seja utilizado para o fim a que se propõe.

Judas, o traidor, vendo-o então condenado, tomado de remorsos, foi devolver aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata, dizendo-lhes: Pequei, entregando o sangue de um justo. Responderam-lhe: Que nos importa? Isto é lá contigo! Ele jogou então no templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se.” (Mt 27, 3-5)


Recado para o Gestor: Não é nada pessoal, sei que é seu emprego e sua tarefa é ganhar dinheiro, mas não é este o objetivo de uma comunidade religiosa.

domingo, novembro 22

Produto do tributo

Após a nova modalidade de arte, a bela e educativa peça teatral onde os “atores” passam os atos todos metendo o dedo “um no cu do outro” girando e girando. Temos de refletir no que são transformados os produtos do nosso suor, do nosso trabalho.

Sim, pois esta suruba foi financiada pelo Ministério da Cultura, para promover a cultura brasileira e de fato, nossa cultura é animalesca, hajam vistas as festas de carnaval, onde também os “atores” estão com “cus, caralhos e bucetas” expostas aos olhos e aos dedos de todos.

O brasileiro é um dos maiores consumidores de pornografia do mundo, onde a indústria do sexo mais prospera, onde o HIV deslancha e o consumo de drogas cresce enquanto todos os demais países da América Latina diminuem suas porcentagens.

Então, para onde vai o produto do seu trabalho? Você trabalha paga mais de 50% do que ganha em impostos e desperdiça cerca de um terço de todo produto por você consumido. Onde vai o seu dinheiro? Resposta: você não sabe!

Realmente você não sabe, e acredita que o seu voto não tem nenhum efeito no âmbito espiritual e que o dinheiro por você doado aos impostos, às coletas na Igreja ou às doações a obras de caridade também não tem implicações espirituais, e assim você fica de “consciência limpa” pensando que dando dinheiro para o governo, Igreja ou ONGs você já está fazendo sua parte.

Engana-se meu caro, isto seria verdade, se além de doar, você supervisionasse e cobrasse que o seu dinheiro seria usado para fazer aquilo que você queria que fosse usado. Pois à final de contas, nós só damos dinheiro para obras que acreditamos que tem a ver conosco, não é mesmo?

Bom, se você é brasileiro, e paga impostos, você está apoiando toda esta pornografia e violência que existe no Brasil. Parabéns, você apoia a ideia da legalização da maconha, do aborto, que pessoas vão à palcos de escolas e espaços públicos para meter o dedo no cu uns dos outros, que saiam nus no carnaval. Você é o maior e principal promotor da proliferação da cultura do sexo livre pois seu dinheiro paga todas as camisinhas usadas nos carnavais, e graças ao seu suor, aqueles que furam a camisinha, ou simplesmente não usa, depois abortam, dizendo que foram estupradas.

Parabéns para você e para mim, quando chegar no dia do juízo, o Senhor irá somar todo dinheiro que tivermos ganhado na vida, irá perceber que desperdiçamos, ou seja, jogamos na lata do lixo 1/3 de toda sua providência para a nossa vida. Que pagamos artistas para ensinarem a população a enfiar o dedo no cu, que compramos camisinhas para todos, que pagamos pelos abortos do SUS, que demos dinheiros para padres e pastores desfilares de carrão, consagrados pagarem travestis para fazer sexo oral, pagamos motéis e até sustentamos o narcotráfico e a destruição de inúmeras famílias pela dependência química.

E restará uns 0,001% do que você ganhou, que você gastou com sua família, dando educação, alegria, alimentação a quem não tinha e na maioria das vezes, você fez isso até de forma inconsciente.


Se você acredita que existe um juízo final, então se manifeste contra o uso indevido do seu dinheiro, do seu trabalho, pois se o trabalho dignifica o homem, é justamente por causa do trabalho que nós estamos nos tornando cada vez mais medíocres e animalescos. Cobre resultados de quem você deu o seu dinheiro, se não fez o que você acha que é o certo... não colabore mais.

quarta-feira, novembro 18

1o. TESTEMUNHO - Buscai as coisas do alto!

Recentemente estive por três anos em uma comunidade de vida que também é uma comunidade terapêutica fundada por um padre muito querido e famoso no Brasil, por razões obvias não irei citar o nome do padre e nem o da comunidade.

A regra de vida idealizada pelo Espírito Santo no coração deste santo sacerdote brasileiro, é a meu ver, a solução para todos os problemas do mundo contemporâneo, pois expressa a maior de todas as verdades pregadas e ensinadas por Jesus: “acolher cada um como o próprio Cristo”.

Este sacerdote da Igreja se destacou por uma pregação bem humorada e um estilo de vida disciplinado e virtuoso, apesar de ter sido um dependente químico e se considerava um grande pecador, não o maior de todos, pois ele mesmo dizia que nem mais pecador que os outros ele era. Faleceu em 2007 vitima do câncer, mas deu um testemunho maravilhoso seguindo na radicalidade o versículo “Buscai as coisas do alto” (Cl 3,1).

Porém, após a sua morte, se apossou da comunidade um espírito mundano de contra testemunho, desde os seus membros mais antigos como o suposto “sucessor” do fundador da comunidade, que enche a boca e diz a plenos pulmões que uma coisa é a vida do fundador e outra coisa é a vivência do carisma. Como se a vida do fundador não fosse a referência para a vivencia do carisma, e o que o atual presidente da comunidade aponta como referência? Sua própria personalidade!!

A histeria deste homem, que também é um padre, inclusive da mesma congregação que o fundador da comunidade é tão grande, que ele acredita ser verdade o que ele diz, e NADA MAIS. Não adianta argumentar com ele com as Sagradas Escrituras, com textos de apologetas católicos como Professor Felipe Aquino, Padre Paulo Ricardo e até mesmo Padre Jonas Abib, mesmo que apresentemos a ele os textos da Evangelii Gaudium (EG) do nosso amado Papa Francisco, ele ainda assim, não nos dá ouvidos.

Alguns exemplos:

Na EG no número 138 o papa recomenda que a homilia seja breve, algo em torno de 15 minutos, porém, o presidente da comunidade, que nunca inicia uma Missa na hora (o que atrapalha a terapia dos dependentes químicos que acolhe), nunca a termina na hora também, como homilias de quase 1hora e meia.

Por ser o presidente da comunidade, suposto sucessor do fundador, o que eu não reconheço que seja, deveria ele próprio dar o exemplo, e obedecer ao papa, que em entrevista aqui no Brasil, por circunstância da JMJ disse que os padres deveriam dar exemplo de pobreza. Infelizmente o tal presidente que é chamado pelos próprios consagrados de prefeito e até de chefe e patrão (claro que pelas costas e as escondidas por medo das represálias), este sacerdote da Igreja, religioso que fez o voto de pobreza quando se consagrou, utiliza apenas e unicamente roupas de marcas caras, óculos Rayban, Carros luxuosos, ar condicionado no quarto, casa com requinte e ostentação... e tem a coragem de pedir doações para que os benfeitores da comunidade sustentem os seus caprichos.

Não para por aí, se apesar disso tudo, tanto ele, como os demais padres da comunidade, que são em número de quatro, cuidassem da comunidade, acompanhassem os consagrados, acolhessem os dependentes químicos, que ironicamente são chamados de filhos pela comunidade, mas que são sumariamente mandados embora na menor situação de conflito com um dos membros. Eles gastam os seu tempo com viagens ao exterior, em visitas à comunidades que também são canais de TV, a cidades ricas e celebrando casamento de pessoas que tem dinheiro para contribuir com a comunidade, aliás, para sustentar os seus status de vida esbanjadoras.

Este é um primeiro testemunho da minha experiência de vida dentro desta comunidade, da qual sou consagrado e vivi nela por 3 anos, sendo convidado a me retirar da comunidade pelo próprio presidente, após ter dito estas palavras diretamente para ele, por mais de um ano, e depois de ter aberto isso tudo aos membros da comunidade que estão todos acuados e com medo das represálias... agora, por obediência a Sagrada Escritura:

“Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano.” (Mt 18,15-17)

Recado ao presidente: Eu te amo... e estou tentando cortar as cordas que te prendem... Em nome de Jesus, você irá cair, mas irá se levantar como um verdadeiro apóstolo. Paz e bem

segunda-feira, outubro 19

Em nome da prudência

Será que Jesus era um homem prudente? O que Ele esperava ao acusar os escribas e fariseus de serem hipócritas? O que Ele deveria ter feito, o que aconselharia a Jesus os “homens bons” de nosso tempo?

- Ora, Jesus, você não sabe que este é um sistema muito maior do que você? Que não será acusando as pessoas que elas te darão ouvido? Que o que você está fazendo é apenas provocando a ira dos homens, você tem uma mãe que é viúva, que não tem ninguém por ela, quem irá cuidar dela se algo lhe acontecer?

E o que teria feito Jesus se tivesse dado ouvidos aos nossos conselheiros atuais?

Ele teria se calado, teria encontrado meios legais de tentar mudar o sistema. Teria procurando pelos políticos e fariseus. Teria feito conchavos e acordos que não mudariam o sistema e não mudaria nada apenas aliviaria a sua própria consciência.

Ele deveria ter aceitado o seu lugar na sociedade, pois ele não era da casta sacerdotal era apenas um leigo. Não era da tribo de Levi e quem era ele para acusar os santos sacerdotes de Deus de serem sepulcros caiados? Quanta presunção de Jesus, por se considerar Rei por ser descendente de Davi, que praticamente toda a tribo dos Judeus era descendente de Davi e por que justo ele era o sucessor de Davi? Se achava tão importante aos seus próprios olhos que se via como Filho de Deus, se fazendo assim igual à Deus... quanta arrogância!

Se ele queria mudar as coisas, por que não organizou primeiro as provas contra os escribas, reis, políticos e sacerdotes? Por que ele não entrou para a casta sacerdotal e tentou mudar a estrutura de dentro para fora, dando ele próprio o exemplo?

Por que ele deu crédito a um homem velho como Simeão e a uma mulher louca como Ana que servia o templo. Profecias feitas a tanto tempo sobre a sua vida por pessoas de índole duvidosa, contadas à Ele por sua mãe, será que logo o seu primo João Batista, seria o precursor dele? E se é assim, por que ele próprio depois teve dúvida?

Não, Jesus não fez nada disso! Ele agiu como todo homem deveria agir. Ele acreditou no que Ele próprio era. Deu crédito às profecias que foram feitas sobre a sua vida. Agiu conforme sua própria consciência e seguiu o seu coração. Seguiu a paz, a paz verdadeira até onde ela o levou. Passou pelos maus tratos, pelos desafetos, pela indiferença das pessoas, pela prisão, açoites e por fim a morte.

Se uma pessoa boa de nosso tempo, não o conhecesse e estivesse lá, diria que ele era um louco alucinado, que precisa de um psiquiatra e um acompanhamento médico. Um homem agressivo e violento que com um chicote agrediu os homens que trabalhavam honestamente no templo. Um despudorado que se envolvia com prostitutas e um descuidado por se relacionar tão intimamente com doentes e leprosos. Se fosse isso tudo o que Ele fala, será que não conhece as normas de biossegurança? Ou os meios de transmissão destas doenças?

Será que Jesus não sabe que o vinho é uma droga que apesar de lícita é uma bebida alcoólica responsável por quase a totalidade dos problemas sociais causados pela dependência química? E por isso, não é um homem de bom senso, pois um homem sensato não transformaria água em vinho no seu suposto primeiro milagre.

Jesus seria visto apenas como um homem pirracento que deseja chamar a atenção para si mesmo e que é capaz de tudo para aparecer nas notícias diárias. Um idólatra de si mesmo. Que tem um ego enorme capaz de colocar em risco homens e mulheres sinceros que o seguiam, que apesar de poucos, eram vidas que depositavam Nele sua confiança. Quanta irresponsabilidade!

Mas se tudo o que Jesus fez, culminou em sua “derrota” pessoal, como Ele pode ter sido prudente, sendo que prudência é o cuidado para não perder pessoalmente? É por que prudência não tem nada a ver com isso. Prudência é a virtude de saber o “como” para chegar num “onde”.

Jesus estava mirando no Céu e não no sucesso pessoal, profissional ou boa fama. Ele não queria um bom emprego, um salário ou o reconhecimento das pessoas e o carinho da maioria. Ele não queria aplausos e ser acolhido com afabilidade e contentamento. Jesus estava mirando no Céu.

Com esta mira, tudo o que fez, foi para ganhar o Céu. Disse o que precisava ser dito, com a aspereza que precisavam ouvir os que Ele direcionava o seu discurso. Denunciou na frente de todos os que cometiam crimes e não se arrependiam deles. Seguiu o seu coração até o fim. Foi fiel ao amor ao próximo, até mesmo quando o próximo o acusava de desamor. Não se importou com as opiniões contrárias de quem não conhecia o seu coração e o amor com que fazia tudo aquilo.

E assim devemos nós agir, sabe por quê? Por que o caminho trilhado e traçado por Jesus é o ÚNICO CAMINHO possível para se chegar ao Céu. Se Ele percorreu este árduo caminho, por que eu, que sou infinitamente menor que ele, pretendo percorrer outro caminho?

Temos de nos colocar na direção certa. Temos de nos colocar no caminho de Jesus, tendo o Céu como meta e como linha guia o amor ao próximo. Amar até mesmo os que não querem ser amados, mas gostados.

Amar o próximo é a prudência de Jesus. Jesus sabia que o “como” era amando e o “onde” é o Céu. Temos de mirar no Céu. Temos de amar e amar de verdade, e amor, quando é verdadeiro dói. Amor verdadeiro vem com a Paz verdadeira, mas nunca com o sossego e tranquilidade, com calmaria e estabilidade.

Qual é a prudência que devemos fazer para chegar ao Céu? Para chegar ao Céu é preciso abrir mão de tudo nesta vida. Ser prudente é fazer o que precisar ser feito, com auto sacrifício, tendo o amor como ponto de partida, esquecer o medo de perder seja o que for, em troca da salvação, não apenas nossa, mas de todos os que cruzarem o nosso caminho.


Alguns poucos serão salvos por palavras doces em discursos como o sermão da montanha, mas não foi isso que levou Jesus ao auge do amor, ao auto sacrifício, à Cruz. O que levou Jesus a concluir com êxito a sua missão de salvar a humanidade, foi correr o risco de perder o bem querer de toda a sociedade que o cercava. Será que você está sendo prudente de verdade?

quarta-feira, março 25

O QUE NOS TEM MUDADO!

"Hoje sabemos que o ser humano é feito Pelo Amor, De Amor e Para Amar!"

Hoje, comemoramos a encarnação do Verbo, este fato muda toda a história da humanidade, pois o Homem nunca havia antes visto um Homem, todos eram, por causa do pecado, fragmentos de homens, homens partidos e divididos. Haviam sábios e santos, mas com extremas limitações. Jesus, o Verdadeiro Homem nos ensina a todos o que é um Homem. Se antes levávamos a vida por nossa intuição, parca ciência e filosofia. Agora temos um modelo perfeito. Isto aconteceu na História da Humanidade e acontece em nossa história particular. Antes de Jesus, éramos meio que perdidos em nós mesmos. Após Ele, nos encontramos, não apenas conosco, mas com os outros e com Deus. Sócrates, o grande pensador, ensinava a buscar o único e real conhecimento: “conhece-te a ti mesmo”. E passou a vida ensinando e buscando tal conhecimento, que por ele era chamado de: “verdade”. A História Humana procurava um sentido à sua própria existência e Paulo diz: “na plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho, nascido de mulher, sujeito à lei” (Gl 4,4). Na plenitude da História, quando o Homem havia alcançado o seu melhor sem a Revelação Total, na época do Direito Romano, da Filosofia Grega e da Moral Judaica a Palavra se fez Carne e abriu os olhos dos homens (Mc 10,52) à verdadeira ciência que é o conhecimento do Amor de Deus (Santa Terezinha de Lisieux). Toda lei, filosofia e moral era exercida sem tal ciência, sem amo, sem exceções e sem misericórdia... então o próprio Deus veio nos ensinar o profundo e real sentido da vida, nos entregando a Maior Filosofia, Maior Justiça e a Maior Moral: “amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 13,34). O Amor se fez Carne e nos amou entre nós, sem este fato, estaríamos até hoje nos degradando sem saber por quê? Hoje sabemos que o ser humano é feito Pelo Amor, De Amor e Para Amar!


"Meu amado Jesus, obrigado por ter vindo atrás de nós Homens, ovelhas perdidas no meio de sua criação sadia. Adoentados e perdidos estávamos nós, distraídos e oprimidos por nossa própria vontade. Mas tu, como Bom Pastor que és, nos procuraste do alto e estávamos tão longe que o Pastor se fez Ovelha para não nos assustar com sua Glória. Sendo Homem como nós, podíamos contemplar Vossa Sagrada Face e mergulhar no Vosso Coração, que não bastando estar entre nós, nos permitiu que nós o rasgássemos com nossas lanças para recebermos o seu verdadeiro corpo de verdadeiro Homem. E o Homem compreendeu que ser homem de verdade é estar de coração, apesar de aberto, deve estar também curado. Quero ser um homem verdadeiro. Amém."