quarta-feira, dezembro 16

5º. Testemunho: “Ame e faça o que quiser” (Sto Agostinho)

Enfim este é o quinto testemunho. Testemunho de uma família de 6 pessoas que, juntos passamos por tudo e vimos tudo que foi relatado. Poderia relatar aqui, os desmandos, as misérias ou os crimes que fomos testemunhas, ou ainda as heresias, profanações, sacrilégios, ameaças, perseguições e agressões físicas que passamos, mas isso iria arruinar a comunidade, e não é este o objetivo, e sim, chamar a atenção de todos, tanto amigos, benfeitores, consagrados, acolhidos e padres para o risco de deixar a comunidade morrer, esta responsabilidade é sua, que está lendo este texto.

Somente Deus conhece o interior do coração do homem, só Ele é capaz de saber as motivações, os interesses e as intenções dos nossos corações, por isso, posso ficar tranquilo, pois o que me motivou foi o desejo de vir à tona a verdade, o interesse foi a salvação das almas e as origens de minhas intenções estão no bem comum e tudo o que fiz e disse foi por amar, e não será diante de ninguém, se não somente diante de Deus que darei conta de minhas ações.

Deus sabe o quanto amo os consagrados e padres, irmãos de comunidade, e o quanto desejo que sejam santos e se salvem. Abri mão de seus elogios, de seus sentimentos e até do convívio em comunidade pra lembra-los de que a vida em Deus se faz todos os dias e que não importa a história que tivemos, por mais maravilhosa que tenha sido, ou se convivemos com um santo homem, se ainda estamos vivos, temos nossa alma a perigo. Não se esqueça disso meu irmão!

Deus age através de nós. Jesus para ressuscitar Lázaro pediu aos que estavam em Betânia que removessem a pedra. Remover a pedra é fazer a nossa parte! A nossa parte, na comunidade, é promover um ambiente saudável, onde reine a presença de Deus pela oração, que é o fundamento da restauração, pela convivência que deve sempre girar em torno das “coisas do alto” e pelo trabalho que deve ser vivido como um “privilégio sagrado” (palavras do fundador) e ao vermos a transformação que ocorre ao nosso redor, provocada por nossas mãos que trabalham, acabamos assimilando que é possível transformar a nossa vida. Nossa vida! Não apenas a vida dos acolhidos!

Assim sendo, o trabalho que não transforma a vida da pessoa, a convivência que não coloca Deus no centro e a oração que não nos leva ao encontro do outro e a morte de nossos interesses e vontades, não é o tipo de oração, convivência e trabalho que o fundador desejou para a comunidade.

Nosso papel dentro da comunidade é ser, no mínimo, exemplo de vida de oração, de vida fraterna e de um trabalho que nos transforme e nos melhore. O papel dos “sócios residentes” que assumiram uma vida consagrada é remover a pedra, como na Betânia bíblica, é ser exemplo de vida, dar testemunho de abnegação, solidariedade e sacrifício.

Se não fizermos isso, os muitos “Lázaros” que são chamados até de “filhos” (acolhidos) não serão ressuscitados e nunca sairão dos sepulcros. E o Senhor irá nos cobrar, irá nos pedir contas de cada acolhido e acolhida que passou por nossas vidas, e só não foram restaurados, por que não demos o nosso melhor.

Se fizermos tudo o que estiver ao nosso alcance, se dermos o nosso sangue, suor e lágrimas, ainda assim haverão aqueles que por sua liberdade irão optar por não saírem de seus sepulcros, mas se fizermos o nosso melhor, Deus irá fazer a parte dEle, honrando a nossa vida com a restauração dos nossos “filhos”. “Almas custam sangue” (Pe. Pio), e se não demos o nosso sangue, é por que ainda não estamos conseguindo as almas.

Hoje, de consciência tranquila, paz e a satisfação de ter cumprido o meu dever posso dizer: “Portanto, hoje dou testemunho diante de todos vós: eu não sou responsável se alguém se perder, pois não deixei de vos anunciar todo o plano de Deus a vosso respeito. Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos estabeleceu como guardiães, como pastores da Igreja de Deus que ele adquiriu com o seu sangue.” (At 20, 26-28)

Irmão, não se deixe enganar, se ainda estamos vivos, não importam os cargos, as doações, o status ou o prestigio que tenhamos nada disso irá nos salvar, pois no último dia, não será o testemunho das pessoas sobre nós que irá salvar-nos, mas o que fizemos com os dons que Deus nos deu...

Cada acolhido é um dom, que temos nas mãos e devemos fazer multiplicar, cada acolhido que vem a um recanto e sai sem ser restaurado, deve ser chorado, mas não apenas por ele, mas pelo dom que Deus nos deu e deixamos escapar entre seus dedos.

Estes 3 maravilhosos anos, serviram para mostrar a minha vocação: “Acolher cada um como o próprio Cristo”, seja onde eu estiver, aprendi que não é o fato de ser consagrado que me torna um consagrado, conheci acolhidos mais consagrados que padres, que amam mais Jesus do que os que “fizeram votos”.

Como foi importante para minha família o tempo que passamos na comunidade, antes de lá, só havíamos convivido com religiosos de verdade, com padres que eram pastores e com consagrados que davam sua vida aos irmãos, e depois disso, poder estar com tantos contra testemunhos nos deu a oportunidade de ver que a Igreja é sempre santa, e quanto mais nos afastamos de seus ensinamentos, do testemunho dos santos e da doutrina ensinada pelo magistério, mais nos pareceremos com aqueles que infelizmente se esqueceram do que é ser Igreja e de que suas almas estão a perigo e estão dentro da comunidade.

Como nos ensina o Eclesiástico 19,1b: “aquele que se descuida das pequenas coisas, cairá pouco a pouco.” Por isso, tomemos cuidado com as “pequenas” negligências, pois elas acabarão se tornando a nossa ruina e a nossa perdição.

Nossa consciência está tranquila, pois “antes de julgar, procura ser justo; antes de falar, aprende. Usa o remédio antes de ficares doente. Interroga-te a ti mesmo antes do juízo, e acharás misericórdia diante de Deus.” (Eclo 18,19-20) Temos tentado e nos esforçado para viver o propósito de aprender e de interrogar-nos sobre os nossos pecados, na vivência sacramental, na oração diária do santo rosário e na vida familiar e comunitária, tudo para Honra e Glória do Nome de Jesus e pela Graça de Deus e quem nos conhece, conhece os nossos frutos e “pelos frutos que se conhece a semente” (Lc 6,43).


Pai Santo, Pai Querido, Pai Amado, como é bom saber que cuida de nós, que ama e acolhe os nossos pecados e as nossas misérias, que nos ama de tal forma que nos dá a oportunidade de vermos em cada irmão a presença real de Cristo. Senhor Jesus, vós sois a razão de nossa vida e deste sua vida, paixão, morte e ressurreição para nos ensinar o que é amar e derramaste o Espírito Santo sobre nós. Santo Espírito, que habita em nosso peito, que inspira em nossos corações as obras e as ações, nos ilumine a todos. Santíssimas Trindades, que após esta vida, todos nós estejamos juntos de ti no Céu, vos louvo pela conversão e pela restauração de cada pessoa que está vivendo da comunidade e por tantos milhares que estão machucados pela comunidade, que encontrem o perdão e a cura e possamos gozar a vida como irmãos. Amém

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