Por: Julio Severo
Leitores do meu blog me enviaram um
artigo do jornalista Reinaldo Azevedo denunciando uma dupla de especialistas
que defende o infanticídio. Esses leitores estão chocados e com razão, pois
defender assassinato de inocentes é chocante.
O fascinante é que se um homem defender a
pena de morte para assassinos, a própria imprensa se encarrega de
lhe cortar os espaços, de modo que a voz dele só seja ouvida no quintal da casa
dele. Defenda a execução de criminosos perigosos e a elite social isolará você.
Mas quando dois seres desumanos
defendem o assassinato de bebês com argumentações pseudocientíficas, a imprensa
não demonstra nenhuma disposição de cortar o espaço dos “cientistas”. E as
justificativas são banais: a imprensa não pode censurar, é preciso defender a
liberdade de expressão, e blá-blá-blá. As mesmas forças que querem cortar nosso
direito de expressar os valores cristãos na esfera pública defendem a “liberdade
de expressão” de assassinos de bebês.
A defesa do infanticídio, embora
chocante, não é nova. Peter Singer, considerado um dos maiores defensores dos
direitos dos animais,defende o
infanticídio há anos.
No entender dele, um pitbull tem mais
valor do que um recém-nascido. Singer, que é professor de uma prestigiosa
universidade dos EUA, nunca se preocupou com a polícia batendo na porta dele.
Afinal, a liberdade de expressão é mais importante do que defender o “direito”
de matar recém-nascidos.
O livro De Volta Ao Lar,
traduzido por mim, relata que depois que o aborto foi legalizado nos EUA,
aumentaram os casos de infanticídio em hospitais e clínicas dos EUA. Por que um
médico aborteiro que matou o bebê em gestação hoje teria qualquer escrúpulo de
não matar um recém-nascido horas depois? O aborto legalizado é terreno fértil
para outros assassinatos. Um médico aborteiro já é um assassino em potencial e
na prática.
Os relatos do De Volta Ao Lar destacam
casos desde a década de 1970. O infanticídio já vem sendo praticado nos EUA e
outras sociedades ocidentais. Só não está legalizado.
O que a dupla especialista, denunciada
por Azevedo, está defendendo não é novidade alguma nas sociedades ocidentais
que já legalizaram o aborto. Essa é uma consequência horrenda, mas previsível,
pois é impossível esperar de um médico aborteiro qualquer sentimento de defesa
à vida de um recém-nascido.
Abaixo, a matéria do
Azevedo:
Os neonazistas da “bioética” já não se
contentam em defender o aborto; agora também querem a legalização do
infanticídio! Eu juro! E ainda atacam os seus críticos, acusando-os de
“fanáticos”. Vamos ver. Os acadêmicos Alberto Giublini e Francesca Minerva
publicaram um artigo no, ATENÇÃO!, “Journal of Medical Ethics” intitulado “After-birth abortion: why should the baby live?“ -
literalmente: “Aborto pós-nascimento: por que o bebê deveria viver?” No texto,
a dupla sustenta algo que, em parte, vejam bem!, faz sentido: não há grande
diferença entre o recém-nascido e o feto. Alguém poderia afirmar: “Mas é o que
também sustentamos, nós, que somos contrários à legalização do aborto”. Calma!
Minerva e Giublini acham que é lícito e moralmente correto matar tanto fetos
como recém-nascidos. Acreditam que a decisão sobre se a criança deve ou não ser
morta cabe aos pais e até, pasmem!, aos médicos.
Para esses dois grandes humanistas,
NOTEM BEM!, AS MESMAS CIRCUNSTÂNCIAS QUE JUSTIFICAM O ABORTO JUSTIFICAM O
INFANTICÍDIO, cujo nome eles recusam — daí o “aborto pós-nascimento”. Para
eles, “nem os fetos nem os recém-nascidos podem ser considerados pessoas no
sentido de que têm um direito moral à vida”. Não abrem exceção: o “aborto
pós-nacimento” deveria ser permitido em qualquer caso, citando explicitamente
as crianças com deficiência. Mas não têm preconceito: quando o “recém nascido
tem potencial para uma vida saudável, mas põe em risco o bem-estar da família”,
deve ser eliminado.
Num dos momentos mais abjetos do texto,
a dupla lembra que uma pesquisa num grupo de países europeus indicou que só 64%
dos casos de Síndrome de Down foram detectados nos exames pré-natais. Informam
então que, naquele universo pesquisado, nasceram 1.700 bebês com Down, sem que
os pais soubessem previamente. O sentido moral do que diz a dupla é claro:
soubesse antes, poderia ter feito o aborto; com essa nova leitura, estão a
sugerir que essas crianças poderiam ser mortas logo ao nascer. Não! Minerva e
Giublini ainda não haviam chegado ao extremo. Vão chegar agora.
Por que
não a adoção?
Esses dois monstros morais se dão conta de que o homem comum, que não é, como
eles, especialista em “bioética”, faz-se uma pergunta óbvia: por que não,
então, entregar a criança à adoção? Vocês têm estômago forte?. Traduzo trechos
da resposta:
“Um objeção possível ao nosso argumento
é que o aborto pós-nascimento deveria ser praticado apenas em pessoas (sic) que
não têm potencial para uma vida saudável. Conseqüentemente, as pessoas
potencialmente saudáveis e felizes deveriam ser entregues à adoção se a família
não puder sustentá-las. Por que havemos de matar um recém-nascido saudável
quando entregá-lo à adoção não violaria o direito de ninguém e ainda faria a
felicidade das pessoas envolvidas, os adotantes e o adotado? (…)
Precisamos considerar os interesses da mãe, que pode sofrer angústia psicológica
ao ter de dar seu filho para a adoção. Há graves notificações sobre as
dificuldades das mães de elaborar suas perdas. Sim, é verdade: esse sentimento
de dor e perda podem acompanhar a mulher tanto no caso do aborto, do aborto
pós-nascimento e da adoção, mas isso NÃO SIGNIFICA que a última alternativa
seja a menos traumática.”
A dupla cita trecho de um estudo sobre
mães que entregam filhos para adoção: “A mãe que sofre pela morte da criança
deve aceitar a irreversibilidade da perda, mas a mãe natural [que entrega filho
para adoção] sonha que seu filho vai voltar. Isso torna difícil aceitar a
realidade da perda porque não se sabe se ela é definitiva“.
Voltei
É isso mesmo! Para a dupla, do ponto de
vista da mulher, matar um filho recém-nascido é “psicologicamente mais seguro”
do que entregá-lo à adoção. Minerva e Giublini acabaram com a máxima de
Salomão. No lugar do rei, esses dois potenciais assassinos de bebês teriam
mesmo dividido aquela criança ao meio.
Querem saber? Essa dupla de celerados
põe a nu alguns dos argumentos centrais dos abortistas. Em muitos aspectos,
eles têm mesmo razão: qual é a grande diferença entre um feto e um
recém-nascido? Ao levar seu argumento ao extremo, deixam a nu aqueles que nunca
quiseram definir, afinal de contas, o que era e o que não era vida. Estes dois
não estão nem aí: reconhecem, sim, como vida, tanto o feto como o
recém-nascido. Apenas dizem que não são ainda pessoas no sentido que chamam
“moral”.
Notem que eles também suprematizam, se
me permitem a palavra, o direito de a mulher decidir, a exemplo do que fazem
alguns dos nossos progressistas, e levam ao extremo a idéia do “potencial de
felicidade”, o que os faz defender, sem meios-tons, o assassinato de crianças
deficientes — citando explicitamente os casos de Down.
O Supremo e os anencéfalos
O Supremo Tribunal Federal vai liberar,
daqui a algum tempo, os abortos de anencéfalos. Como já afirmei aqui, abre-se
uma vereda para a terra dos mortos, citando o poeta. Se essa má-formação vai
justificar a intervenção, por que não outras? A dupla que escreveu o artigo não
tem dúvida: moralmente falando, diz, não há diferença entre o anencéfalo e o
recém-nascido saudável. São apenas pessoas potenciais. Afinal, para essa turma,
quem ainda não tem história não tem direito à existência.
Um outro delinqüente intelectual
chamado Julian Savulescu
A reação à publicação do artigo foi
explosiva. Os dois autores chegaram a ser ameaçados de morte, o que é,
evidentemente, um absurdo, ainda que tenham tentado dar alcance científico,
moral e filosófico ao infanticídio. No mínimo a gente é obrigado a considerar
que os dois têm mais condições de se defender do que as crianças que eles
defendem que sejam mortas. A resposta que dão à hipótese de adoção diz bem com
quem estamos lidando.
Julian Savulescu é o editor da
publicação. Também é diretor do The Oxford Centre for Neuroethics. Este rematado imbecil
escreve um texto irado defendendo a publicação daquela estupidez e
acusa de fundamentalistas e fanáticos aqueles que atacam os dois “especialistas
em ética”. E ainda tem o topete de apontar a “desordem” do nosso tempo, que
estaria marcado pela intolerância. Não me diga!!!
O que mais resta defender? Aqueles dois
potenciais assassinos de crianças deveriam dizer por que, então, não devemos
começar a produzir bebês para fazer, por exemplo, transplante de órgãos. Se
admitem que são pessoas, mas ainda não moralmente relevantes, por que entregar
aos bichos ou à incineração córneas, fígados, corações?
Tudo isso é profundamente asqueroso,
mas não duvidem de que Minerva, Giublini e Savulescu fizeram um retrato
pertinente de uma boa parcela dos abortistas. Se a vida humana é “só uma
coisa” e se os homens são “humanos” apenas quando têm história e
consciência, por que não matar os recém-nascidos e os incapazes?
Estes são os neonazistas das luzes. Mas
não se esqueçam, hein? Reacionários somos nós, os que consideramos que a vida
humana é inviolável em qualquer tempo.
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