Existe
um sinal claro e indefectível do que é um cristão. Ele é um “novo cristo”
(minúsculo mesmo), não um substituto, mas um propagador (imitador, imitante e
imitado), pois assim disse São Paulo, não apenas uma, mas várias vezes (1Cor 4,16.
11,1; Ef 5,1; Fl 3,17; 1 Tes 1,6. 2,14 e Hb 6,12): “Sejam meus imitadores e imitadores dos herdeiros da promessa” (livre
versão).
E
olha que imitar a Cristo, já é difícil, mas Nosso Senhor não se cansa de nos
desafiar, e nos dá um desafio maior ainda, de imitar Aquele que “habita em luz inacessível”
(ITm 6,16), o Pai! E nos diz isso em alto e bom tom, resumindo todo o Sermão da
Montanha de Mateus, a “constituição” do ser cristão, aliás, do ser humano: “Estote ergo vos perfecti, sicut Pater
vester caelestis perfectus est”. (Mt 5,48) – “sede perfeitos, assim como o vosso Pai celeste é perfeito”.
Somos
chamados a imitar o Pai! Ainda bem que quem viu o Filho viu o Pai revelado (Jo
6,46) e assim, somos chamados a imitar o Pai e o Filho, pois “somos um” (Jo 10,30) disse Jesus. E para
imitá-Los, somente com a condução do Espírito Santo (Rm 8,14) e assim sermos de
fato, filhos de Deus. Pois o Espírito não aniquila o nosso espírito humano
(temperamento, personalidade, vontade, jeito de ser, etc...) ao contrário, “vem em auxílio à nossa fraqueza” (Rm
8,26). E onde há fraqueza humana, há pecado (Rm 6,19), e o ser humano ainda não
concebeu o quão fraco pode chegar a ser!
Deus
é amor (1Jo 4,8 e 16), e não importando o quão abundantes sejam os nossos
pecados e fraquezas a Graça de Deus é capaz de nos transbordar (Rm 5,20) e
transformar (Rm 12,2) em um “novo cristo”. Pois o que acontece com o Pão
Eucaristizado (Jo 6), acontece com o homem Eucarístico. É transubstanciado em
Cristo!
Esta
verdade é tão patente, que se chega ao ponto de se dizer, ao olharmos para o
cristão verdadeiro: “Eu vivo, mas já não
sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). E se Cristo vive em nós, somos
chamados a ter os mesmos “sentimentos” de Cristo (Pd 3,8), pois é o nosso
objetivo: “amar como Jesus amou”.
E
amar, não de modo simplesmente humano, pois Cristo é Deus e Homem (Jo 8,58.
20.28) e quer nos fazer “deuses Consigo”
(Santo Tomas de Aquino; Suma Teológica, Parte I, Questão 108, Artigo 5) pois
Ele é o “Deus conosco” (Is 7,14) e
temos de amar e “ser um só com Ele” (Jo
17,22).
Ele
ama os inimigos (Mt 5,44), e não apenas o inimigo infernal (Ef 6,12), mas cada
um de nós, “inimigos de Deus” (Tg
4,4), pois o que somos em pecado, se não apenas inimigos de Deus? E Ele disse
ao Pai: “Pai, perdoa-lhes; porque não
sabem o que fazem” (Lc 23,34) e se Ele assim nos amou, assim devemos
amar!
Ora,
se o Pai, amou tanto o mundo (Jo 3,16) nós também devemos amar “todo mundo”! Ou
amamos a TODO MUNDO (Todas as pessoas) ou não somos cristãos, pois sem isso,
não há verdadeira imitação de Cristo.
Oração:
Meus amado Jesus, tenho a
consciência de que um dos “maus” a quem Você faz nascer o sol sobre sua cabeça
sou eu. Foi a mim também que Você se referiu ao dizer que “não sabem o que
fazem”, pois não sei mesmo... pois o que é o momentâneo gozo do pecado diante
da Eterna Glória junto ao Pai... assim admito! Eu não sei o que faço!
Mas sei o que quero fazer,
mesmo diante da infinita distância que existe, e que sei que nunca chegarei lá,
eu ao menos quero ser perfeito como o Pai é Perfeito.
Então ama os meus inimigos
em mim, pois sem isso não passo de um ator que finge ser cristão. Dá-me um
coração capaz de me perdoar e perdoar a todos, pois não sabemos o que fazemos,
que a minha vida seja imitar-Vos e a morte consista em ser-Vos. Amém.
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Que Deus não permita que a Verdade não seja vista por nossos olhos e nem deixada de ser dita por nossas bocas! Paz e bem