segunda-feira, outubro 19

Em nome da prudência

Será que Jesus era um homem prudente? O que Ele esperava ao acusar os escribas e fariseus de serem hipócritas? O que Ele deveria ter feito, o que aconselharia a Jesus os “homens bons” de nosso tempo?

- Ora, Jesus, você não sabe que este é um sistema muito maior do que você? Que não será acusando as pessoas que elas te darão ouvido? Que o que você está fazendo é apenas provocando a ira dos homens, você tem uma mãe que é viúva, que não tem ninguém por ela, quem irá cuidar dela se algo lhe acontecer?

E o que teria feito Jesus se tivesse dado ouvidos aos nossos conselheiros atuais?

Ele teria se calado, teria encontrado meios legais de tentar mudar o sistema. Teria procurando pelos políticos e fariseus. Teria feito conchavos e acordos que não mudariam o sistema e não mudaria nada apenas aliviaria a sua própria consciência.

Ele deveria ter aceitado o seu lugar na sociedade, pois ele não era da casta sacerdotal era apenas um leigo. Não era da tribo de Levi e quem era ele para acusar os santos sacerdotes de Deus de serem sepulcros caiados? Quanta presunção de Jesus, por se considerar Rei por ser descendente de Davi, que praticamente toda a tribo dos Judeus era descendente de Davi e por que justo ele era o sucessor de Davi? Se achava tão importante aos seus próprios olhos que se via como Filho de Deus, se fazendo assim igual à Deus... quanta arrogância!

Se ele queria mudar as coisas, por que não organizou primeiro as provas contra os escribas, reis, políticos e sacerdotes? Por que ele não entrou para a casta sacerdotal e tentou mudar a estrutura de dentro para fora, dando ele próprio o exemplo?

Por que ele deu crédito a um homem velho como Simeão e a uma mulher louca como Ana que servia o templo. Profecias feitas a tanto tempo sobre a sua vida por pessoas de índole duvidosa, contadas à Ele por sua mãe, será que logo o seu primo João Batista, seria o precursor dele? E se é assim, por que ele próprio depois teve dúvida?

Não, Jesus não fez nada disso! Ele agiu como todo homem deveria agir. Ele acreditou no que Ele próprio era. Deu crédito às profecias que foram feitas sobre a sua vida. Agiu conforme sua própria consciência e seguiu o seu coração. Seguiu a paz, a paz verdadeira até onde ela o levou. Passou pelos maus tratos, pelos desafetos, pela indiferença das pessoas, pela prisão, açoites e por fim a morte.

Se uma pessoa boa de nosso tempo, não o conhecesse e estivesse lá, diria que ele era um louco alucinado, que precisa de um psiquiatra e um acompanhamento médico. Um homem agressivo e violento que com um chicote agrediu os homens que trabalhavam honestamente no templo. Um despudorado que se envolvia com prostitutas e um descuidado por se relacionar tão intimamente com doentes e leprosos. Se fosse isso tudo o que Ele fala, será que não conhece as normas de biossegurança? Ou os meios de transmissão destas doenças?

Será que Jesus não sabe que o vinho é uma droga que apesar de lícita é uma bebida alcoólica responsável por quase a totalidade dos problemas sociais causados pela dependência química? E por isso, não é um homem de bom senso, pois um homem sensato não transformaria água em vinho no seu suposto primeiro milagre.

Jesus seria visto apenas como um homem pirracento que deseja chamar a atenção para si mesmo e que é capaz de tudo para aparecer nas notícias diárias. Um idólatra de si mesmo. Que tem um ego enorme capaz de colocar em risco homens e mulheres sinceros que o seguiam, que apesar de poucos, eram vidas que depositavam Nele sua confiança. Quanta irresponsabilidade!

Mas se tudo o que Jesus fez, culminou em sua “derrota” pessoal, como Ele pode ter sido prudente, sendo que prudência é o cuidado para não perder pessoalmente? É por que prudência não tem nada a ver com isso. Prudência é a virtude de saber o “como” para chegar num “onde”.

Jesus estava mirando no Céu e não no sucesso pessoal, profissional ou boa fama. Ele não queria um bom emprego, um salário ou o reconhecimento das pessoas e o carinho da maioria. Ele não queria aplausos e ser acolhido com afabilidade e contentamento. Jesus estava mirando no Céu.

Com esta mira, tudo o que fez, foi para ganhar o Céu. Disse o que precisava ser dito, com a aspereza que precisavam ouvir os que Ele direcionava o seu discurso. Denunciou na frente de todos os que cometiam crimes e não se arrependiam deles. Seguiu o seu coração até o fim. Foi fiel ao amor ao próximo, até mesmo quando o próximo o acusava de desamor. Não se importou com as opiniões contrárias de quem não conhecia o seu coração e o amor com que fazia tudo aquilo.

E assim devemos nós agir, sabe por quê? Por que o caminho trilhado e traçado por Jesus é o ÚNICO CAMINHO possível para se chegar ao Céu. Se Ele percorreu este árduo caminho, por que eu, que sou infinitamente menor que ele, pretendo percorrer outro caminho?

Temos de nos colocar na direção certa. Temos de nos colocar no caminho de Jesus, tendo o Céu como meta e como linha guia o amor ao próximo. Amar até mesmo os que não querem ser amados, mas gostados.

Amar o próximo é a prudência de Jesus. Jesus sabia que o “como” era amando e o “onde” é o Céu. Temos de mirar no Céu. Temos de amar e amar de verdade, e amor, quando é verdadeiro dói. Amor verdadeiro vem com a Paz verdadeira, mas nunca com o sossego e tranquilidade, com calmaria e estabilidade.

Qual é a prudência que devemos fazer para chegar ao Céu? Para chegar ao Céu é preciso abrir mão de tudo nesta vida. Ser prudente é fazer o que precisar ser feito, com auto sacrifício, tendo o amor como ponto de partida, esquecer o medo de perder seja o que for, em troca da salvação, não apenas nossa, mas de todos os que cruzarem o nosso caminho.


Alguns poucos serão salvos por palavras doces em discursos como o sermão da montanha, mas não foi isso que levou Jesus ao auge do amor, ao auto sacrifício, à Cruz. O que levou Jesus a concluir com êxito a sua missão de salvar a humanidade, foi correr o risco de perder o bem querer de toda a sociedade que o cercava. Será que você está sendo prudente de verdade?