Durante algum
tempo, apenas as obras caritativas, levadas à frente pela Igreja, ou demais
religiões é que recebiam apoio financeiro de doadores e de instituições para
desempenhar a ajuda humanitária. Porém, com o advento do iluminismo, e a era da
anti-religião e por fim, nos dias de hoje em que vivemos o pós cristianismo, já
não são mais as instituições religiosas que recebem o apoio de doadores para
desempenhar esta ajuda. Hoje, foram criadas as ONG’s (Organizações Não
Governamentais). E são milhares. O objetivo destas ONG’s é aplicar o
financiamento e dinheiro recebido dos doadores no apoio humanitário ao redor do
mundo. Porém, a grande diferença entre as instituições religiosas e as ONG’s, é
que as instituições religiosas, não identificam os seus doadores e recebem
doação anônima (a grande maioria delas), já as ONG’s, identificam seus
doadores.
Toda ONG, com
raríssimas exceções, tem um belo discurso. Textos e propaganda voltada para o
desenvolvimento sustentável, combate à fome, pobreza e subdesenvolvimento, com metas
e objetivos claros, com indicadores precisos para demonstrar aos doadores ou
futuros doadores o seu compromisso com a obtenção de metas e resultados claros
naquilo que cada uma delas se propõe. Tudo muito bonito e tocante.
Porém, o que
está por trás disso tudo, é bem diferente. As ONG’s têm uma “cara” bonita, uma
história individual bonita e bela, algumas destas histórias viraram filmes,
outras não menos tocantes se tornaram livros, mas apesar de um rosto e uma
história muito bonita, as ONG’s têm um interior muito diferente.
Para começar, a
maioria delas, tem sedes em muitos países, com uma sede central, que em geral
está em um dos grandes países desenvolvidos, como EUA, Suiça, França, Espanha
(toda união européia) e estes governos, são os principais doadores destas ONG’s,
são doadores identificados, e isto gera uma série de situações conflitantes. Por
quê?
Por que as
organizações “NÃO GOVERNAMENTAIS” têm um compromisso assumidos com os governos
ou instituições de onde recebe seu financiamento, não são tão “NÃO
GOVERNAMENTAIS” quanto deveriam e quanto propagandeiam.
Isso tem impacto
diretamente nas metas da ONG. Por exemplo, se um país é um grande produtor de
medicamentos, alimento, mantimentos ou equipamentos e consumíveis necessário
para o tratamento do HIV, as ONG’s irão investir o dinheiro “doado”, portanto,
recebido de um doador identificado, nos produtos exportados por estes doadores.
Isso funciona como garantia de comprador dos produtos dos doadores, gerando
aumento da economia.
Seria o mesmo
que um produtor de “calças” ao mesmo tempo, ser o maior comprador de “calças”.
(substitua o que está entre aspas, pelo produto que quiser)
Gerando uma
competição internacional de mercado que muitas vezes, derruba a competição,
desfavorecendo os pequenos produtores. Ou seja, o apoio internacional
humanitário, é um dos grandes promotores do subdesenvolvimento dos países
(pequenos produtores) que a ONG pretende “AJUDAR”. Este é apenas um, dos muitos
efeitos negativos, do que chamamos de Indústria
do Humanitarismo.
Esta indústria,
assim como todas, tem um sistema de produção para gerar algum benefício ou
ganho financeiro. Este sistema, foi criado intencionalmente pela mentalidade do
materialismo e do relativismo, que não vê problema nenhum nos meios utilizados
para atingir um final específico. Quando dizemos, “sistema”, nos referimos a um
conjunto de programas, atividades e medidas que tem como objetivo, direcionar o
esforço e energia demandado, da ONG, para o cumprimento daquilo que a ONG se
destina em combater, seja fome, subdesenvolvimento, questões ambientais ou
saúde, como por exemplo, o combate ao HIV/SIDA.
O sistema
existe, em função de um problema. Problema este, onde se embasa todo o
Marketing da ONG, na tentativa de resolver o problema. Logo, a ONG, existe
apenas, por que existe o problema. Aqui surge um grande conflito de interesses.
Pois, se a ONG, efetivamente resolver o problema, ela perde sua razão de ser e
sua necessidade de existir. Isso não acontece com as instituições religiosas,
que existem independentemente do problema.
Como já dissemos,
o problema existe e o sistema tenta resolver o problema. Mas existe outro
problema que a ONG deve resolver: sua própria sustentabilidade. Ou melhor
explicando, a ONG tem um problema que não faz parte do problema que o sistema
se propõe resolver. Nascendo aqui, um sistema paralelo, que em muitos casos,
trabalha em conjunto com o sistema para resolver o problema original.
No caso do HIV/SIDA,
por exemplo, qual é o problema?
O problema é que
todos os anos, milhares e milhares de pessoas estão se infectando com o HIV, e
no ritmo que estamos, logo, mais da metade do mundo terá se infectado, e muitos
serão aqueles que nascerão doentes e dependentes de medicamentos para viver, o
que aliás, já é realidade em todos os países do Continente Africano, Ásia e
América Latina . Este é o problema que a ONG deveria pretender resolver com o
uso do sistema, mas caso o sistema resolva, o próprio sistema e as estruturas
que sobrevivem do sistema, não terão mais função.
Traduzindo isso
em linguagem mais clara, o sistema, não é algo abstrato, é feito de pessoas e
de instituições. Pessoas que recebem altos salários e instituições que adquirem
enormes lucros (doações) por causa do problema. Se o sistema, resolver o
problema, ou o pior, se alguém, fora do sistema, como por exemplo, alguma
instituição religiosa resolvesse o problema, todo o sistema, ou seja, as
pessoas que sobrevivem do sistema a as instituições que lucram por causa do problema
(ONG), perderão seu lucro e perderão seus altos salários. E quando digo alto
salário e altos lucros. Estou dizendo MUITO ALTO.
Só na África
subssaariana, são mais de 34 milhões de infectados pelo HIV que estão vivos. Estes
devem fazer consultas, tomar medicamentos e fazer análises laboratoriais todos
os dias, meses e anos, dependendo da gravidade e severidade da doença. Se tudo
custasse apenas 1 dólar, seriam mais de 34 Milhões de dólares. Mas não é apenas
um dólar. Um tratamento completo de uma pessoa que vive com HIV, por ano pode
custar 100 dólares, mas caso o vírus seja resistente e seja necessário utilizar
a segunda linha dos medicamentos, este valor sobe para 250 dólares. Agora, faça
as contas!
Isso serve para
demonstrar, que o sistema, está tentando resolver um problema que irá fazer com
que os grandes produtores de reagentes, medicamentos, testes de HIV, aparelhos
de CD4 e consumíveis, percam por ano mais de 100 X 34 Milhões ou 250 X 34
Milhões de dólares! Agora imagine a perda no bolso dos “maiores doadores
humanitários” caso o problema seja resolvido? Sem falar, na perda para a
própria ONG.
Uma ONG, para
conseguir o status de internacional, deve ter sedes em vários pontos do mundo.
Bom, isso significa que grande parte do dinheiro recebido como doação, é gasto
em aluguel e construção de “offices” (Escritórios) e mais "offices" pelo mundo.
Só aí vão milhões, que não incomodam em nada os grandes doadores humanitários
identificados, pelo contrário, são eles os grandes produtores de material de
construção.
Depois, estes
escritórios, devem ser equipados, com computadores, mesas, cadeiras, e uma
infinidade de material de escritório, que deve tudo ser de primeira linha, pois
não se aceita que uma reunião seja feita numa sala sem ar condicionado ou sem uma
garrafinha de água que custa ao menos 5 dólares para ser bebida pela metade. É
um desperdício enorme, a vida dentro de uma ONG é pautada sobre o desperdício e
sobre o consumo, não esquecendo, que os maiores produtores destes materiais,
são também os mesmos doadores do dinheiro às ONG’s.
Depois, estes
escritórios devem ter uma capacidade logística de deslocação. Devem ter carros,
carros e mais carros para chegar aos destinos mais recônditos nos países que a
ONG apóia, que em geral é Ásia, África ou América Latina, que tem estradas
horríveis e por isso os carros devem ser luxuosos e no mínimo 4x4 (quatro por
quatro). Não se esqueça que o carro consome combustível: Gasolina ou Diesel.
Ainda dentro da logística, todos os computadores de todos os agentes de campo,
devem ter internet e meios de comunicação como celular, fax, blackbarry, tudo
isso também produzidos pelos doadores. Claro, com um timbre de disfarce, para
que não fique tudo isso tão evidente, como por exemplo: “Made in china”.
E não podemos
nos esquecer, é claro dos recursos humanos. Os escritórios precisam de
secretárias, motoristas, serventes, guardas e todo tipo de mão de obra não
especializada. Este trabalho é feito pelos Africanos, Asiáticos e Latino-Americanos,
que em geral, não recebem muito, é mão de obra barata e o que eles recebem não
ajuda em nada o desenvolvimento local dos seus países.
Mas nem só de
mão de obra barata vive a ONG, deve existir o presidente, coordenador,
administrador, técnicos especializados, engenheiros, médicos, epidemiologistas,
todo tipo de mão de obra especializada, que custam muito caro, pois sempre são
profissionais de outros países, principalmente aqueles mesmos doadores da maior
fatia do dinheiro.
Mas há médicos,
engenheiros, coordenadores, epidemiologistas e mão de obra especializada de
pessoas locais no país em que está situado a ONG. E eles são contratados! Mas
claro, quando isso acontece, a ONG paga somente 1/5 do que pagaria a um
estrangeiro. Mesmo que este estrangeiro venha do país vizinho ao do país onde o
profissional deve trabalhar.
Anualmente, um
profissional especializado, estrangeiro, custa no mínimo 250 mil dólares por
ano, enquanto o mesmo cargo de um profissional nacional, não custa mais de 15
mil dólares. E os estrangeiros dentro da ONG são centenas, e mesmo apesar de
todo “esforço” engendrado pelos governos nacionais, na contratação de mão de
obra local, a ONG sempre prefere um estrangeiro.
No momento, não
há nenhum esforço, por parte de nenhuma instituição ou governo para desmontar
este sistema, pois em termos de legislação, tudo corre na mais perfeita ordem,
mas há um grande número de profissionais e pessoas comprometidas com o Apoio
Humanitário, que já se desligaram do sistema, se demitindo das ONG’s. Mas mesmo
não havendo nenhum tipo de combate à esta Indústria
do Humanitarismo, o sistema que sustenta esta indústria, está programado
para combater, qualquer iniciativa de trabalho com fins unicamente humanitário.
Veja como isso acontece:
Tomemos, mais
uma vez, o exemplo do “Combate ao HIV/SIDA”. Qual é a metodologia de prevenção
do HIV? CAMISINHA! É o único método utilizado em 3 décadas. Já o diagnóstico,
tratamento, seguimento ao doente, melhora e melhora a cada dia. Os medicamentos
promovem a longevidade dos doentes. Os testes de diagnóstico e as análises do
CD4 são cada vez mais fáceis de ser processadas e mais acessíveis, pois deles
depende a inclusão no tratamento dos novos clientes, me desculpe, acho que
errei a palavra, eu quis dizer doentes. E por que se investe tanto em aspectos
que não são a prevenção? Por que o único método de prevenção é exatamente o que
estimula ainda mais a atividade sexual de risco, facilitando o contágio e a
transmissão. Não parece contraditório?
Isso acontece, por
que a camisinha não evita a transmissão, ela na verdade, cria uma ilusão de
segurança, enquanto fomenta ainda mais os riscos de contágio e transmissão! São
30 anos que estamos tentando evitar o contágio com o mesmo método e são mais de
80 milhões de infectados, sendo que metade este número, compreende doentes
falecidos.
Será que isso
não é suficiente para concluirmos que a camisinha não funciona? Por que não
apoiar, por exemplo, iniciativas como as de Angola? Angola foi o único país que
diminuiu por um tempo a transmissão e o contágio, sem utilizar a camisinha,
utilizando a conscientização da fidelidade conjugal e a continência sexual! Mas
os críticos, ou melhor, o sistema das ONG’s sabe apenas dizer que Angola não
fez uma coleta de dados como se devia. Mas onde é que esta coleta de dados
funciona como deveria? Não sabem responder.
Toda iniciativa
de resolução do problema principal, deve antes passar pelo crivo da pergunta:
“Esta solução resolve também o problema da sustentabilidade do sistema das ONG’s?”
Se a resposta for negativa, a solução para a fome, HIV, subdesenvolvimento não
serve, pois também não responde ao problema de sustentabilidade do sistema.
(Consulte na internet pelo vídeo: “A lenda do porco assado”).
Iniciativas que
não contribuem com a sustentabilidade do sistema, não recebem apoio. Os
católicos, que trabalham com a fidelidade e continência, criticando o
preservativo, são sempre taxados de retrógrados e atrapalhados. Instituições
que tem como base a conscientização das pessoas na prevenção da doença e que
não recebem doações identificadas, ou seja, não se comprometem com as “metas”
dos doadores, não recebem apoio financeiro e são taxadas de fundamentalistas ou
despreparadas.
Esta Indústria do Humanitarismo é feita de
pessoas. A grande maioria delas, não é consciente desta situação. A grande
maioria delas é idealista e bem intencionada, mas ludibriada com o dinheiro
fácil e com a busca por resultados. Mas há uma parte de pessoas que
simplesmente não querem saber de nada disso, não são maus, mas simplesmente não
querem saber de nada disso, pois pensam em resolver seus próprios problemas e
não tem coragem suficiente para tentar mudar e fazer algo diferente. São
omissos que se escondem por detrás de uma capa protetora de uma falsa
consciência moral e com aquilo que é politicamente correto, mas muitas vezes
ética e moralmente condenável.
O que podemos
fazer? É muito simples. Devemos exigir que, nosso governo, pare de “doar” o
nosso dinheiro às ONG’s. Podemos parar nós mesmos de doar nosso dinheiro às
estas instituições. Podemos conscientizar os governos e a população local dos
países “portadores dos problemas” a não aceitar a “ajuda” humanitária de
instituições que tem doadores identificados. Se você é um membro de uma ONG,
lute, internamente para que ela seja, efetivamente uma “organização não
governamental” que não aceite doações de doadores identificados, e aceite
apenas doações anônimas. Que crie consciência de que o que se pretende é que o
problema que a ONG está a tentar resolver chegue ao fim e assim, a própria ONG
um dia tenha também um fim, podemos fazer com que este documento chegue ao
maior número de pessoas dentro das ONG’s possível.
E podemos orar.
Como em todo o sistema, existem pessoas, devemos pedir que Deus toque os seus
corações para que quando elas leiam este documento, não se sintam agredidas,
mas se sintam despertadas para uma realidade que elas não conheciam, ou apenas
não queriam olhar. Aliás, acho que se só fizéssemos isso, já poderíamos
resolver todo o problema.