quinta-feira, outubro 14

O Mal Juizo



A pouco tempo, um grande presidente “mão leve”, aparentemente cometeu uma série de irregularidades em seu governo, e por incrível que pareça, todos os envolvidos, inclusive seu próprio filho, seu melhor amigo e muitos assessores, que são portanto cargo de confiança, foram enrolados no escândalo e tiveram que renunciar a mandatos, ou foram condenados.

Diante desta situação, o que devemos fazer? Devemos ser imparciais, ou devemos tomar um posicionamento?

Eu acredito que a imparcialidade é irmã da comodidade, que por sua vez são filhas da mentira. Ser imparcial em uma situação assim, é no mínimo covarde. Se você acha que o citado acima é culpado, você deve proclamar o que pensa, mas muitos politiqueiros não fazem isso, pois vai que o mão leve não perca a causa, depois não vou poder mais falar com ele, pois ele vai estar de mal comigo.

O problema nisso tudo, é o nosso julgamento. Muitos dizem que são imparciais e tolerantes, pois não querem fazer julgamento. Dizem até que é uma atitude cristã não julgar. Retiram um texto bíblico de um contexto, como “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7,1) e transformam ele num pretexto para sua própria covardia.

Mas retirando o texto do contexto, esquecem-se que Jesus, estava falando com Hipócritas. Assim, neste contexto, Jesus estava dizendo que quem julgar, será julgado do mesmo modo. E de fato, todos seremos julgados, aliás, a todo momento, todos estamos julgando e na mesma bíblia que está escrito para não julgar, dirigido aos hipócritas, está escrito “Não julgueis pela aparência mas julgai segundo o reto juízo” (Jo 7,24). E disse isso aos que o procuravam matar.

Imagine-se no lugar de Jesus! Uma multidão enfurecida querendo te matar. Você diria o que a esta multidão? Diriam: “Calma gente, não foi bem isso que eu quis dizer”, ou então, “não é bem assim, vocês tem razão” e ainda, “eu não disse nada daquilo, não ponham palavras em minha boca”. Mas Jesus foi honesto e corajoso, diante de uma multidão enfurecida, ele disse o que citei acima (Jo 7,24), que nos dias de hoje seria mais ou menos assim: “Vocês estão errados mesmo, se querem me matar, façam o que quiserem, mas eu não vou mudar o que eu disse para agradar vocês”.

Não julgar? Que isso! Devemos julgar sim, mas julgar com justiça e não segundo nosso bem entender. Sabe por que ninguém quer julgar hoje em dia? Por que todo mundo tem medo de ser julgado. Temos aquele respeito humano, medo do que os outros pensam, nos importamos mais com o que os outros pensam, do que o que pensamos de nós mesmos. Devemos ter coragem de julgar com reto juízo, mesmo que nós mesmos estejamos errados.

Eu, como viciado, devo gritar que o vício é ruim, e não sentar no meu vício e usar panos quentes para justificar o vício dos outros, pois assim, indiretamente estarei justificando a mim. Não! Chega de Hipocrisia! Se eu estou errado, por ter feito algo que você também fez. Estamos errados nós dois. A própria frase: “não devemos julgar” já é um julgamento.

Não nos enrabichemos com quem quer esconder seus próprios erros, aponte os seus erros e os erros dos outros, tome um posicionamento, não haja como um “mão leve”. E por falar nisso. Este tal grande presidente, que não sabe escolher amigos e assessores e nem educar um filho, como terá competência e capacidade para ser presidente, ou apontar um possível futuro candidato a presidência.

Amanhã, ou mais tarde, diante de uma situação semelhante, ele pode dizer simplesmente que não sabia! E quando isso acontecer, que julgamento você vai tomar?

Paz e bem